segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

HÉLADE


Porque choras, soldado... irmão?
Pela partida dos Deuses traídos?
Pela memória longínqua dos teus sábios ancestrais?
Pelo pó levantado na voracidade daqueles que escavam a dignidade da tua herança ancestral?
Reduzida à ruína duma grotesca caricatura
A lembrança duma Democracia que nunca foi de todos.
Que vazio tenebroso os teus olhos não enxergam à distância, mas adivinham?
O fim da glória duma civilização que se pretendeu exemplar
Mas que se afunda na infâmia da vilania sem regras ou pudor.
Que ânsia e que esperança restam no teu olhar fito no Além?
Que Luz é essa que a tua juventude órfã anuncia?
A Eterna Beleza que os Deuses inspiram e aos mortais apenas resta acalentar.


Poema possível ao Requiem duma Hélade prostrada e humilhada.

A música é uma canção tradicional grega arranjada por Vangelis e cantada por Irene Papas. Fala da bravura de quarenta gregos que enfrentaram os invasores otomanos e recuperaram uma das suas cidades.

5 comentários:

  1. Ancestralidade mãe!
    Lindo. lindo e LINDO!
    Hécuba e Eurípedes ficariam felizes!
    Bjs

    ResponderEliminar
  2. Um poema belíssimo, forte e ncessário. Muito necessário!

    ResponderEliminar
  3. Parabéns, Irmão!

    Mais uma vez coincidimos, pois eu também coloquei no "são" a foto deste jovem e sofrido grego.

    Um abraço enorme.

    ResponderEliminar
  4. Realmente, sábias palavras!

    A democria de facto nunca foi real, pelo menos não no "berço" da democracia, que é a Grécia.

    Mas as crises passam.

    :)

    ResponderEliminar
  5. Isso se estende a tantas civilizações. 'Chorar pela memória dos nossos sábios ancestrais' me marcou demais. É algo que me remete a um futuro ainda menos glorioso.
    Achei sua postagem emocionante.
    Queridão, eu que peço desculpaas pelo sumiço. Tive um problema sério na lomber e venho fazendo sessões e sessões de fisio e de RPG.
    Bjaum.
    Ah, estou adorando o som da Irene Papas.

    ResponderEliminar