Os nomes que aqui referirei são verdadeiros, embora talvez alterados ou não, para que não haja uma identificação por terceiros; mesmo que já se tenham passado algumas décadas sobre os factos aludidos. Usei deliberadamente os nomes próprios, pois normalmente a maioria deles eram mais conhecidos pelos seus apelidos.
As fábricas da Quimigal já foram desactivadas e desmanteladas, mas delas guardo a memória das minhas aventuras sexuais, ou direi homossexuais, lá vividas. Período da minha vida, prolífero nas mesmas, até por dispor dum local privilegiado para a consumação desses desejos.
Quero ainda referir que todos estes casos se passaram com operários, tidos como a classe menos culta de toda a hierarquia laboral e social. Será mesmo assim? Não creio, pois alguns se mostravam interessados nas artes de ler e filosofar. Assim os comportamentos que aqui referirei não se podem justificar pela incultura, até porque tive o mesmo tipo de experiências com indivíduos de classe social mais elevada e com formação académica.
Jorge, casado, pai. Fomos amantes durante vários anos. Antes de mim já tinha tido outro caso extra-conjugal de um relacionamento homossexual estável, que também durou alguns anos.
Helder, casado, pai. Assumia a sua bissexualidade, embora a escondesse em casa. Foi ele que me introduziu na minha primeira experiência homossexual a três. Costumava dizer-me que eu era o complemento que faltava no seu casamento para ele ser feliz.
Josué afirmava-se como um curioso sexual. Namorava uma jovem, com quem se pretendia casar. Conheci-o numa sessão de sexo entre três homens.
Filipe, casado, pai. Era bem jovem como eu e a loucura juvenil levou a termos sexo no próprio autocarro que a empresa alugara para transportar os trabalhadores entre o local de trabalho e as suas zonas de habitação.
Paulin(h)o, casado, pai. Nunca chegou a ir a minha casa, pois dávamos largas aos nossos desejos sexuais em locais mais escondidos dentro da zona fabril. Eram aventuras empolgantes, devido ao risco que corríamos de sermos descobertos. Chegou a propor-me que se divorciaria da mulher se eu aceitasse viver com ele.
Simpliciano, homossexual que tentava por todos os meios esconder a sua homossexualidade. Acabou por casar, "para manter secreta a sua homossexualidade", como ele me afirmou. "Mas continuarei a procurar homens para ter relações sexuais com eles" assegurou-me ainda.
José, jovem ainda, namoriscava raparigas e encenava tentativas de resistência aos meus avanços sexuais. Acabou por ceder de boa vontade, pois por muito que se mostrasse incomodado com as minhas tentativas e assédios, nunca deixou de me procurar, mesmo em minha casa. É casado e pai.
Vítor, casado e pai. Perseguiu-me até eu anuir em ter relações sexuais com ele. Também, certa vez, fez-se acompanhar dum amigo para termos uma sessão de sexo a três.
Ivo, casado, pai. Também me cortejou até eu aceder a ter relações sexuais com ele.
Hugo, casado, pai. Tínhamos sempre relações sexuais nos balneários, quando mais ninguém se encontrava lá.
Helder (outro Helder), casado, pai. Esperávamos que todos abandonassem o balneário para depois termos relações sexuais lá.
Júlio, casado, pai. Bissexual assumido. Perseguia-me continuamente para ter relações sexuais com ele.
Octávio, casado, pai. Cortejava-me com muita delicadeza, mas inibia-se quando era o momento de me propôr aquilo que era sua intenção: o foder comigo. Eu perante a sua cobardia nunca fiz o mínimo esforço de o encorajar, embora desejo não me faltasse. Contudo a sua cobardia indignava-me, por isso o punia não o ajudando a vencê-la e a concretizar os seus mais que óbvios desejos.
Ernesto, casado. Cortejavamo-nos romanticamente. Morreu, ainda bem jovem, de leucemia, antes de havermos consumado o desejo mútuo de nos possuirmos sexualmente um ao outro.
João, casado, pai. Fanfarrão a quem acabei por aceder às suas múltiplas tentativas de me seduzir. O seu entusiasmo e desejo eram de tal modo empolgados que, no primeiro e único encontro íntimo que tivemos atingiu o orgasmo nos preliminares, ainda antes de havermos consumado qualquer prática de cópula.
Flávio, casado, pai. Indivíduo bem disposto e aventureiro, chegámos a ter contactos sexuais perante terceiros, sem que estes dessem por isso. Éramos peritos na arte da dissimulação. E isso divertíamo-nos imenso. Afinal o sexo também pode ser lúdico.
São apenas alguns exemplos da minha experiência com heterossexuais assumidos, mas sempre prontos a se envolverem sexualmente com outros homens.
Não referi aqui os casos que durante anos me assediaram e a cujas tentativas resisti, por uma razão ou outra. Afinal com uma lista de opções tão variada eu dava-me ao luxo de escolher os que mais me agradavam.