Perdemos o toque. Perdemos a
capacidade de comunicar pelo toque.
Civilidade é domesticação,
dominação, subjugação.
Como humanos somos seres por
essência comunicativos. Somos criaturas gregárias. A falta de comunicação
debilita o ser humano na sua identidade e expressão.
Comunicamos pelos sentidos. Com
todos eles. E através de todos eles. Se algum for excluído ficamos incompletos.
Puritanismos patéticos. Moralismos
anti-natura. Preceitos castradores da natureza bio-emocional humana.
Preconceitos aberrantes. Deformação de padrões e valores. Tudo foi utilizado
para sufocar o nosso apelo instintivo ao contacto directo; pele na pele.
Religiões ínvias amputaram o
toque através duma argumentação de pecado e condenação por luxúria. O medo do
apelo das emoções primordiais.
Atrofiados tentamos o equilíbrio
dum ser que nunca poderá ser.
A lascívia faz parte dos nossos
impulsos mais profundos. O apelo ao prazer, pela necessidade dele para nos
reequilibrarmos emocionalmente e nos mantermos saudáveis. Activos. Felizes.
O anseio pelas multidões. O
roçar dos corpos agitados. A libertação do ser indiscreto que habita em nós. O
partilhar de sensações. O libertar de emoções. O explodir da electroquímica do
cérebro. O êxtase de vogar no mar proibido de hormonas inspiradoras de
liberdade e satisfação. Prazer, prazer, prazer.
Comunicamos através de todos os
sentidos, se algum for excluído ficamos incompletos.
Nota: Banda sonora sugerida, "I Have The Touch" de Peter Gabriel.