As cidades são tudo menos um
ambiente humanamente saudável.
Viver segundo interesses
economicistas não é saudável. Numa sociedade competitiva é fundamental chegar
primeiro, seja onde e ao que for. Isso traz urgência para todos criando um modo
febril de estar. Todos se esganam para ficar adiante dos demais. Assim a
mobilidade urbana se torna caótica, pois cada um pensa apenas na sua vantagem.
E isso multiplicado por milhares, quando não mesmo por milhões, torna-se um
problema grave.
Descentralização,
desmonopolização são dois vocábulos fundamentais na oferta de qualidade de
vida.
O problema da mobilidade passa,
entre muitos outros vectores, pelo modo de vida pendular desta sociedade
produtora/consumista. Tudo seria mais facilitado com a liberalização e
dispersão de horários, tanto de serviços como de comércio. A visão imperialista
da estruturação vertical da sociedade e do seu modo de vida leva a uma
centralização em função dos benefícios financeiros e não do bem-estar humano.
Com horários alargados do funcionamento empresarial e menores turnos laborais, recorrendo para isso a um aumento de número de funcionários – sem que isso representasse perda de salários para os mesmos – seria possível distribuir os utentes de transportes urbanos sem o doentio vai-vem pendular superlotado dos horários de ponta. Além de assim rentabilizar as próprias carreiras de transportes, algumas das quais só compensam financeiramente a sua existência nesse sufoco de afluências periódicas diárias, mas com grandes incómodos dos utentes que recebem um tratamento de mercadoria; transportados em condições indignas e de risco físico.