Francisco Moita Flores
“Prendas” é o título de um email que hoje recebi logo pela manhã. Devido ao interesse do conteúdo resolvi publicitá-lo aqui, mas como não trazia a referência onde havia sido anteriormente publicado irei apenas transcrever excertos. Os comentários, eu não os farei, ficarão por vossa conta.
A autoria do texto é atribuída a Francisco Moita Flores, Presidente da Câmara Municipal (Prefeito, para os leitores brasileiros) de Santarém, Portugal.
Inicia ele o texto por referir o seu espanto, ao tomar posse do seu cargo de presidente na Câmara de Santarém, perante a quantidade de prendas que chegavam ao seu gabinete nas vésperas de Natal. “Para um velho policia, desconfiado e vivido, a hecatombe de presuntos, leitões, garrafas de vinho muito caro, cabazes luxuosos e dezenas de bolo-rei cheirou-me a esturro. Também chegaram coisas menores. E coisas nobres: recebi vários ramos de flores, a única prenda que não consigo recusar.” Tomou então a decisão de distribuir todos os presentes por instituições de solidariedade social, “com excepção das flores”.
No segundo Natal no cargo a mesma situação de avalanche de prendas chegando ao seu gabinete repetiu-se. Pelo que ele teve o cuidado de classificar o que ia chegando: “E então percebi que as prendas se distribuíam por três grupos. O primeiro claramente sedutor e manhoso que oferecia um chouriço para nos pedir um porco. O segundo, menos provocador, resultava de listas que grandes empresas ligadas a fornecimento de produtos, mesmo sem relação directa com o município, que enviam como se quisessem recordar que existem. O terceiro grupo é aquele que decorre dos afectos, sem valor material mas com significado simbólico: flores, pequenos objectos sem valor comercial, lembranças de Natal”.
Constrangido com o despropósito dos envios resolveu então agir na alteração dum hábito que não iria conseguir erradicar. “Foi enviada uma carta em que informámos que agradecíamos todas as prendas que enviassem. Porém, pedíamos que fosse em géneros de longa duração para serem ofertados ao Banco Alimentar contra a Fome. Teve um duplo efeito: aumentou a quantidade de dádivas que agora têm um destino merecido. E assim, nos últimos dois Natais recebemos cerca de 8 toneladas de alimentos”.
E remata o texto com uma determinação: “Enquanto autarca aceitarei prendas que possam ser encaminhadas para o Banco Alimentar. E jamais devolverei uma flor que me seja oferecida”.
Adenda: Graças à prestimosa colaboração da amiga Clarice quem quiser ler o artigo na íntegra pode fazê-lo aqui.