Significativa a admoestação que o deputado-poeta do PS (Partido Socialista) Manuel Alegre, fez à JS (Juventude Socialista) por esta insistir na discussão e aprovação, pela Assembleia da República, de regulamentação do casamento entre pessoas do mesmo sexo; o chamado casamento de homossexuais.
Referia-se o deputado (e muitos dos intervenientes políticos cá da praça, seguem o mesmo argumento falacioso) que era uma matéria de fundo a ser discutida a longo prazo, em praça pública e que presentemente há assuntos mais prementes para a sociedade portuguesa.
Pois é, há sempre assuntos mais prementes que a discussão dos direitos das minorias; ou não fosse a Democracia a Ditadura da Maioria.
Será que desde o 25 de Abril de 1974 (34 ANOS!!!) ainda não se encontrou o momento oportuno para debater a regulamentação duma evidência, que é as uniões conjugais entre pessoas do mesmo sexo?
Afinal a apregoada Liberdade de Abril não foi para todos?
Será que a Constituição da República Portuguesa não é para ser respeitada e cumprida em toda a totalidade do seu texto?
Que temem os deputados da Assembleia da Républica e políticos em geral, com a discussão dos direitos das minorias sexuais?
Recearão eles alguma indiscrita revelação sobre as suas vidas privadas?
Entre-pares, no nosso gueto-gay (a que a sociedade portuguesa preconceituosa e homófoba nos restringe, com uma desatenção hipócrita e mal disfarçada), constumamos gracejar que um gay fareja outro a milhas. Cá por mim, basta-me olhar para as caras e olhos de alguns dos políticos cá da praça para... cala-te boca, senão ainda te boicotam o blog e mandam a PJ te investigar.
A intervenção do senhor Manuel Alegre revela laivos dum saudoso revivalismo-marxista, dogmático e homofóbico. Esta sua atitude reaccionária pôs termo a alguma admiração que eu tinha pelo senhor; pois neste caso de direitos de ditas minorias (pois nada me convence que os homossexuais na sociedade portuguesa sejam uma minoria; será sim uma minoria o número daqueles que aceitam para si mesmos e assumem a sua identidade sexual) quem não está por mim está contra mim.
Logo só me resta dizer: Bye-bye, Manuel Alegre! Não contes mais com o meu voto!
8 comentários:
ManDrag
Efectivamente Manuel Alegre não foi feliz na forma como se referiu à questão dos casamentos homossexuais. E digo que não foi feliz porque ainda lhe dou o benefício da dúvida em relação ao que Manuel Alegre pensa efectivamente sobre esta matéria.
Por vezes o excesso de mediatismo desvirtua os verdadeiros intentos.
O casamento entre homossexuais é um problema social que deverá ser assumido sem ligeirezas de análise e dentro dos princípios da igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos.
Abraço
Salve! Lídia
Infeliz foi, sem dúvida. Mas para quem se achou preparado para assumir as funções de Presidente da República, certos deslizes não são permitidos.
Eu como parte interessada já me fartei de esperar que ao fim de 34 anos de liberdade alguém entendesse que este é um assunto sério que interessa a todos e que seria o momento de os discutir.
Afinal a desculpa agora é que há coisas mais importantes para discutir, tais como a grave crise financeira e económica dos USA, mas na AR discutem-se todas as piquinhices menos os ditos assuntos prementes. Ainda não vi a AR tomar medidas verdadeiramente reformadores em relação ao péssimo estado de endividamento das famílias portuguesas.
Abraço!
Salutas!
Pois tambem acho que há assuntos mais importantes a resolver. O descalabro da economia vai trazer muitas desgraças para todos, gays, incluídos!
Claro que deve ser permitido o casamento entre gays, mas o estúpido da coisa é que os nossos deputados, incapazes de resolver os grandes problemas do País, enrolam com os pequenos e, duma coisa simples e óbvia, fazem um enredo e entretêm-se a debater o sexo...dos gays!
A união de duas pessoas deve poder ser reconhecida socialmente, independentemente de como, na intimidade, concretizam (o não) a sua vida sexual!
Abraço
Salve! Alvaro
Bem vindo aos meus blogs. E grato pela participação com o comentário.
Sim concordo que a crise financeira-económica mundial é preocupante (mais ainda por os europeus sempre se terem acoitado à sombra dos USA). Mas só porque deixaram uns coiotes àvidos de ganância fartarem-se à saciedade, não quer dizer que o mundo pare para acudir a esses cavalheiros sem escrúpulos.
Eu entenderia a prioridade dos assuntos económicos se visse serem-lhes dadas as devidas atenções e as necessárias medidas de regulação na distribuição da riqueza.
Como sei que nada disso vai ser feito e os pobres vão continuar pobres (pois como muito bem disseste, os políticos portugueses entretêm-se discutindo futilidades em vez de resolverem discutir e resolver as políticas no seu todo), não aceito essa desculpa esfarrapada para não quererem olhar de frente a tomada de decisões que já deveria ter sido feita à muito tempo.
Essa desculpa dos "assuntos mais importantes" só serve para disfarçar a hipocrisia da sociedade portuguesa no seu TODO.
Abraço.
Salutas!
Bom, sabes o que eu penso sobre o tema.
Claro que o casamento entre pessoas, do mesmo sexo ou não, deve ser tratado do mesmo modo.
Mas parece-me que também há , por vezes, estratégias pouco felizes da parte dos /das interessads.
E quanto à adopção, peço imensa desculpa, mas acho que não. Mas que fique bem claro: não é por duvidar da capacidade das pessoas, é para proteger as crianças da malícia da sociedade impreparada para aceitar o facto com naturalidade.
Um abraço.
Salve! São
Se vamos impedir as alterações ao status quo, sob pena da malícia e incapacidade da maioria ignorante da população ser incapaz de acompanhar os avanços, então é melhor desistir de tudo.
Todos os avanços da Humanidade são feitos à custa do sacrifício dos pioneiros.
Dos fracos não reza a história!
Abraço.
Salutas!
Mandrag
Voltei para comentar este post porque há algo que gostaria de acrescentar.
Primeiro, o benefício da dúvida que dei ao Manuel Alegre, veio a justificar-se. Manuel Alegre afrontou a disciplina de voto do PS e votou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Depois quero também acrescentar que lamento que este assunto não tivesse ficado resolvido colocando os cidadãos em plano de igualdade nas suas escolhas afectivas e familiares.
É importante que se legitime a situação através da lei para que as uniões matrimoniais possam ser olhadas naturalmente pelas sociedades sem malícias nem discriminações.
Abraço
Salve! Lídia
Grato por teres voltado e pelas tuas afirmações sempre oportunas.
Não fui de todo alheio ao voto do deputado Manuel Alegre, como tal irei fazer mais um post sobre o tema
Abraço.
Salutas!
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