sexta-feira, 11 de novembro de 2016

BASKET OF DEPLORABLES


É necessário repensar a democracia. Nos moldes actuais ela apenas serve o populismo oportunista, sem compromisso nenhum com os destinos das respectivas nações, motivado por projectos pessoais, mais ou menos partidários, de conquista e preservação no poder. O avanço do populismo advém da falta de informação, formação e educação das populações que são convidadas e algumas vezes forçadas (voto obrigatório) a ir votar.
O fenómeno Trump não é isolado, nem é tão imprevisto e surpreendente como por aí se pretende fazer crer. A própria imprensa que tanto se espanta com os “casos Trump” é ela mesma cúmplice de tais fenómenos ao promover uma informação sensacionalista, mais interessada no aumento dos índices de audiência que na prestação duma verdadeira e profícua informação; o que conta é o espectáculo da notícia e não o mérito e interesse da informação propagada.

A política deixou de ser um campo de debate de ideias e ideologias para se tornar uma arena onde se digladiam campanhas de propaganda na mais feroz competitividade dum marketing sem escrúpulos. Nas presentes campanhas eleitorais, amiúde por toda a parte, não se debate nenhum projecto político, apenas se esgrimam ataques e ofensas mais ou menos pessoais. As ideologias estão démodé e desactualizadas porque desfasadas da realidade social e civilizacional vigente. Não que novas ideologias sejam necessárias, mas o que urge são princípios fundamentais que se apliquem a uma justa administração e gestão dos reais interesses das sociedades e nações.

Nota: a imagem foi recolhida na internet através do Google

sábado, 5 de novembro de 2016

LUCRO E NÃO-JUSTIÇA

Como diz a sua própria propaganda a Samarco fez e de que maneira... E continua fazendo e preparando as condições para mais outra catástrofe como a que ocorreu há um ano. E outra e outra... Um ano depois e as vítimas da incúria criminosa esperam justiça. Cerca de 50 multas, num valor aproximado de 300 milhões, já lhe foram aplicadas e nenhuma pagou e nem irá pagar pois de todas recorreu e continuará a recorrer. Assim funciona uma justiça feita pelos ricos e poderosos para se protegerem e livrarem de pagar pelos seus crimes.


 


Nota: imagens recolhidas da internet através do Google





quarta-feira, 2 de novembro de 2016

7%

7% da população carcerária do Brasil está detida por furto. Entretanto quem rouba milhões e comete grandes crimes anda solto.
Roubas uma galinha para matar a fome e vais comer e dormir com patifes e criminosos de toda a espécie, mas se desviares milhões do erário público e com o lucro do desvio pagares fianças e recursos, ficas em liberdade. É mais que tempo de se dar fim a este sistema viciado e decrépito se se quiser construir uma sociedade justa e de direito.
O sistema carcerário brasileiro está superlotado e em permanente caos administrativo e disciplinar.

Nota: imagens recolhidas da internet através do Google 

sábado, 29 de outubro de 2016

AURICA

Segundo os cientistas João Duarte, Filipe Rosas e Wouter Schellart (dois portugueses e um australiano), daqui por 300 milhões de anos a Terra voltará a ter um único super-continente: Aurica. Uma teoria inspirada na observação do comportamento das zonas de subducção e baseada em evidências de história geológica, cálculos matemáticos e modelos computacionais. Com o deslocamento das placas tectónicas os oceanos Pacífico e Atlântico fechar-se-ão, a Eurásia dividir-se-á em duas: uma parte rumando a este e a outra rumando a oeste. A Austrália juntar-se-á com a América (daí o nome Aurica).
Nem quero imaginar como será o clima nessa altura.




Nota: imagens recolhidas da internet através do Google

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

STATUS QUO

O estatuto do índio no Brasil em nada mudou durante toda a história brasileira; continuam párias na sua própria terra.


Nota: imagem recolhida na internet através o Google.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

domingo, 23 de outubro de 2016

ENGRENAGEM


O nosso mundo é uma engrenagem de consumo. Tudo na nossa presente civilização gira em torno do binário produção/consumo. Criam a ideia duma sociedade pró-hedonista mas tal não passa duma imensa falácia. Somos moldados e formados para encaixarmos num lugar da cadeia produtiva como escravos domesticados. Progressivamente perdemos o livre-arbítrio e a vontade-própria. É-nos negada a auto-determinação e o nosso querer tem de corresponder ao estipulado na lei e nas regras do jogo da grande-empresa em que se tornou o mundo. 
Fomos absorvidos pelo grande sistema-económico, que a todos devora e trucida desde a mais tenra idade. A auto-expressão é negada. O que se vê por aí são comportamentos de macaco-de-imitação a que se convencionou chamar de moda, ou mais elitistamente de “fashion”. Contribuindo esses comportamentos padronizados para aumentar os índices de produção/consumo e dando prosseguimento à alienação continuada das gentes que se iludem achando ser felicidade o que não passa dum mero prazer supérfluo e momentâneo.



Nota: Imagens recolhidas na internet com o Google

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

ESTUPOR


Dois mundos, duas eras em confronto. A supremacia da insanidade. A primeira grande guerra mundial foi a desbragada orgia da perversão destrutiva. Num mesmo conflito aviões e sabres. Um velho mundo sucumbindo perante a arrogância duma florescente tecnologia da matança. O colapso de velhas estratégias que não tinham soluções perante os desafios da modernidade. A chacina foi hedionda e tão vergonhosa que todos se apressaram a escondê-la por trás dos horrores da subsequente segunda grande guerra. Nenhuma delas deveria ter sucedido. Se a segunda teve o infame holocausto e as obscenas duas bombas atómicas a primeira não se ficou atrás na barbárie e funesto nojo. A guerra da carnificina.

Imagem: Avião sobrevoando elementos da cavalaria francesa durante a Primeira Guerra Mundial, 1916.

domingo, 9 de outubro de 2016

MATTHEW


877 mortos no Haiti. 11 mortos nos EUA. A diferença no número de vítimas não é mero capricho da natureza. A Natureza não tem preferências subjectivas. Os números apenas diferem devido aos modos de governar e administrar os territórios, assim como o zelo com as suas populações. Infra-estrutura, responsabilidade social e governação empenhada no bem de todos; é o que falta no infeliz país das Caraíbas.

O Haiti tem sido martirizado por todo tipo de flagelos, tanto os naturais como os provocados pela incúria e corrupção dos seus governantes. Basta olhar para o tipo de destroços, ruínas e estruturas preservadas para se perceber as diferenças e as razões da disparidade de vítimas e estragos. Mas o mundo ainda não cresceu o suficiente para perceber que a solidariedade é mais eficaz antes que depois dos flagelos. Cada um cuida de si e os pobres... esses logo se verá quando formos brincar às caridadezinhas.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

NA ONU


António Guterres como rosto da ONU dá uma esperança de humanismo e solidariedade para as relações mundiais nos tempos vindouros. Não que os seus antecessores não fossem pessoas de boa índole e conciliadoras, mas o diplomata português tem um CV honroso no seu incansável trabalho de apoio aos refugiados, cada vez mais numerosos, que correm desesperadamente dos conflitos e da miséria.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

NUVEM DE VAPOR



O mundo contemporâneo chegou de enxurrada numa grande nuvem de vapor. A revolução industrial. Uma catadupa de descobertas e avanços tecnológicos passaram a fazer parte do nosso quotidiano e agora também a electrónica e a informática são banais na nossa rotina diária em todas as nossas actividades. A ciência evoluiu admiravelmente. E a humanidade? Mais de 380 milhões de crianças vivem abaixo do nível de pobreza.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

NÃO PAZ



O povo votou e mais uma vez o populismo e os interesses de alguns se sobrepuseram à paz e harmonia. A vontade do povo pode ser soberana, mas saberá o povo pelo que vota sempre que vota?
Mais uma vez impõe-se a necessidade de reflectir e debater sobre a democracia e a necessidade de criar um sistema mais justo de decisão.

domingo, 2 de outubro de 2016

PINK BANDEIRANTES


Alguns energúmenos pixaram o monumento aos bandeirantes em São Paulo e agora outros imbecis exaltam o gesto. 

sábado, 1 de outubro de 2016

GANHARÁS O PÃO


O peso da religião ainda é imenso nas nossas sociedades modernas. Até porque convém para o sistema económico que ela tanto apoia com o seu “ganharás o pão com o suor do rosto”. Através desse ditame imperioso o cristianismo sempre justificou todo o tipo de abusos predatórios e esclavagistas.
Não somos máquinas – ao invés do delírio romântico apregoado na febre da revolução industrial -  somos até providos de alma. Esse ideário de propósitos esclavagistas assenta maravilhosamente aos interesses inescrupulosos da dominante classe empresarial, ilibando de culpa a imposição dum modo de existência que não nos provê verdadeiro bem-estar ou felicidade. Se alguns de nós conseguem uma abastança material que lhes proporcione conforto, mesmo esses logo percebem que só isso não basta. Uma alma sã não se compraz numa bem-aventurança  moldada na amargura e sofrimento, sejam próprios ou alheios.

Agostinho da Silva afirmava ser anti-natura a condição de agente de produção do ser humano. Não nascemos para trabalhar mas sim para criar e para isso necessitamos de nos dedicar à ociosidade. Desse modo ele profetizava a sociedade do ócio, como o destino da humanidade,  vendo nos avanços tecnológicos e na robótica a possibilidade de concretização desse ideal. O Homo Divinus como entidade de vocação contemplativa e espiritual.

Imagem: "Angelus", Jean-François Millet

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

FLASHES DE ELEIÇÕES NUM PAÍS EM GUERRA?


Flashes de eleições num pais em guerra?
O reino do caos. Atentados à bomba ou a tiro, contra candidatos eleitorais. Políticos em campanha mortos à bala em surtidas criminosas. Dir-se-ia um pais em guerra. Talvez seja uma nação em guerra consigo própria, com o seu descaso, com o seu comodismo, com a sua indiferença. Pobre povo tolhido nos seus vícios e hábitos descuidados.
No meio da confusão o anúncio da descoberta de doações milionárias a partidos e políticos para as suas campanhas, por parte de desempregados e beneficiários de bolsa família (exactamente os mais pobres e desabonados da sociedade. Alguém está a querer enganar alguém... Ninguém acredita que eles tenham doado tais verbas, mas que malfeitores tenham usado os seus nomes e registos para encobrir doações ilegais.

Assim prossegue o gigante aos tombos e tropeções, na busca dum futuro e dum mundo melhor.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

UM EM TRÊS


Um em cada três brasileiros responsabiliza as vítimas pelos estupros que sofreram. “Por não se vestirem decentemente”, “por serem provocadoras”, “por não se comportarem e darem ao respeito”,... Sintomático da mentalidade tacanha e machista que imprime a cultura social brasileira ainda em pleno século XXI. Não vamos escamotear tentando argumentar que isso é uma opinião de homens, pois a percentagem de mulheres que também assim pensa é do mesmo modo elevadíssima. É uma questão de educação; aquela que é transmitida pela família, logo pelas próprias mães também, que foram criadas numa cultura machista e, não só aceitam, como reverberam na sua descendência essa tradição perversa e anti-natura. Como país obcecadamente religioso, o povo não faz muito mais que repetir os padrões e conceitos que a religião sempre lhes impôs: sujeição da mulher, estigmatização da mulher, demonização da mulher,...

sábado, 24 de setembro de 2016

CAI, NÃO FICA NADA


Mandado de prisão para Guido Mantega.
“Cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o rei de paus, cai não fica nada” são os versos que me ocorrem com todo este suceder de denúncias e acusações. Cai o Dirceu, cai a Dilma, cai o Lula, cai o Mantega e o PT estrebucha para não cair também. A nação atónita assiste ao desfile de revelações como a uma parada surreal de vis trapaceiros. A pandilha estava toda unida no estratagema. Um novelo sem fim e a cada nó desatado mais uma revoada deles caindo na rede. É chocante. Escandaloso. Mas parece que algum povo não se importa muito com isso, pois continua a louvar e santificar essa corja populista e criminosamente demagoga.  Ingenuidade não chega ao ponto de acreditar que governantes ávidos de poder e controladores não soubessem do que se passava ao seu redor sobre estratagemas dos quais eram beneficiários directos. Essa do “não sabia de nada”, “não encontrarão nada em meu nome” só ilude trouxas que gostam de passar por idiotas.

Cá por mim continuo com a canção do Ivan Lins: “Cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o rei de paus, cai não fica nada...”

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

DESUMANIZAR


Quando me dizem que a Bayer comprou a Monsanto por 66 mil milhões de USD eu sinto-me indignado com esta industrialização da humanidade. No princípio da revolução industrial, em pleno século XIX, até era engraçado andar em carruagens puxadas por locomotivas a vapor, com as maquinarias facilitando a vida das pessoas, tanto nas deslocações a grandes distâncias como nos modos de produção de bens. Mas agora estamos em plena industrialização da própria humanidade, em que as pessoas são vistas como parte funcional do grande esquema industrial de produção e consumo, com vista à obtenção máxima de lucros para as grandes corporativas e seus accionistas/proprietários. Somos todos peças da grande engrenagem produtiva/consumista. Para trás ficou o propósito de evolução do indivíduo guindando-se a planos mais elevados de consciência. Perante a premência da progressão do sistema civilizacional/económico o indivíduo - o ser humano - foi relegado para o plano de mera ferramenta cuja existência apenas é validada desde que integrada nos planos do monstro corporativo.

Lembra-me o caso da vil postura do todo poderoso presidente da Nestlé que afirma ser a água algo demasiado precioso para estar disponível como um bem de direito universal, pelo que deveria ser privatizada toda a água potável do planeta (claro que ele iria reclamar a patente para a sua omnipotente multi-nacional), assim cada um teria que pagar pelo seu usufruto. Isso sim, eu chamo de blasfémia. Isso sim, eu chamo de encarnação do mal a quem advoga e tenta concretizar uma monstruosidade dessas. Se a clássica escravatura foi abolida por decretos (embora não completamente na prática), agora cria-se uma nova escravatura em que o indivíduo tem que se sujeitar a todos os ditames predatórios dos grandes mandantes do empresariado e da economia.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O LADRÃO DAS LÂMPADAS


Pode parecer caricato até, mas de facto leva a crer que estamos perante um caso de furto especializado. Ele vem de madrugada, salta os muros, driblando os cacos e farpas aguçadas que tentam ser uma barreira ameaçadora, e uma a uma vai recolhendo dos casquilhos todas as lâmpadas das garagens dos prédios da rua. No bairro já se tornou famoso pela sua especialização, pois ao que consta não surripia mais nenhum tipo de objectos, tão pouco tenta forçar os carros estacionados nas garagens. O seu modus operandi já está tão rotinado que nem chega a verificar se alguns portões estão mesmo trancados, ou se abririam tranquilamente sem forçar, pelo que ele continua a saltar muros, fintando cães de guarda em alguns dos prédios, com a mesma agilidade de quem guarda muito treino nos gestos e nos membros.
O que ele faz com as lâmpadas surripiadas diligentemente, não sei. Certamente as venderá, pois lâmpadas fluorescentes de baixo consumo são caras – pelo que os vizinhos do prédio ao lado, já trataram de substituir todas pelas velhas lâmpadas incandescentes. O que ele fará com o dinheiro da venda, não sei: pode ser para comprar droga, ou para comprar remédios para a avó que está esclerosada (nem sei se a tem). Mas, depois de constatar a sua acção ardilosa e alguns dos seus contornos pitorescos, acabei por dedicar alguma simpatia ao ladrãozinho de bairro. Afinal, embora eu tivesse receado em interpelá-lo, quando testemunhei a sua faina em directo, pelos relatos posteriores acabei por criar um perfil mais humano e justo, ao invés da rejeição rancorosa do primeiro impulso: ele fez-me lembrar os românticos ladrões de Genet, no seu jeito contido e não desmedido. Num mundo onde a roubalheira domina os mais altos cargos de influência e onde o crime violento aniquila e condena a vida de tanta gente impotente e vulnerável, um pequeno ladrão de lâmpadas torna-se quase uma figura aceitável.