domingo, 29 de abril de 2012

O ESTUPRO, O ESTUPRADOR E A VÍTIMA

Silvino Baptista Preto


Eu não tenho que pedir desculpa por estar vivo!


Eu, em criança, fui estuprado. Mesmo com consentimento, eu fui estuprado.
Fui seduzido, Fui provocado. Fui assediado. Fui forçado; mesmo que gentilmente, mas fui forçado. E fui admoestado a manter segredo por uma prática que eu sabia bem ser socialmente condenada e cujo conhecimento geral traria muito constrangimento para ambos. Em criança eu tive que conviver com um segredo atroz, que me atormentava, mas que a ninguém podia revelar em busca de amparo e apoio.


Aos 10 anos de idade, meus pais deixaram-me noutro continente, longe deles e das minhas irmãs, longe da nossa casa, do nosso lar. Deixaram-me ao encargo desse homem (na foto), que eles elegeram como meu tutor. Ele seria o meu guardião, o meu mentor, o meu protector... enfim seria o meu pai, desde então. Seria a pessoa em que eu deveria confiar e respeitar.


Mas ao invés disso ele se aproveitou da minha vulnerabilidade e isolamento, para me violentar; mesmo que gentilmente, através da sedução e persuasão, ele me violentava, cada vez que me estuprava. E isso durou anos. Toda a minha adolescência!
Para que tal perdurasse ele me impunha um regime de secretismo, que me levou - devido à minha tenra idade e à falta de apoio, por ter sido deixado desamparado pelos meus pais -  à associação traumática e cruel de sexo com dor, vergonha e culpa.
Assim ele castrou o meu prazer, a minha felicidade e a minha paz interior. Ele castrou-me forçando-me ao constrangimento, à dor física - e moral - e ao silêncio.


Ele me encarcerou, até hoje, numa masmorra de expiação duma culpa que não é minha, dum crime que ele cometeu sobre a minha pessoa, a minha dignidade e a minha integridade. Uma culpa que é e sempre foi, apenas dele. Um crime da qual eu fui vítima e não cúmplice!


Eu fui a vítima e não ele! Eu sou quem merece remissão e não ele! Eu que quase perdi a minha vida para a dor e o sofrimento permanentes e não ele.
Eu é que mereço perdão! 
Eu mereço viver livre e feliz! Eu mereço viver com honra , dignidade e orgulho!
Eu mereço ser Eu!
Eu mereço ser completo e viver completo! Eu mereço ser amado e dar amor! Eu mereço ser um homem completo!


Eu não tenho que pedir desculpa por viver! Eu tenho que me orgulhar de ter sobrevivido e lutado por mim, pela minha integridade, pela minha felicidade! Eu me orgulho de ter sabido viver com honra!


Eu orgulho-me de ser Eu!


Eu sou um homem completo!


Nota: Para esclarecer alguns comentadores e quem possa ficar na dúvida, este relato é verdadeiro e foi a minha vida.



sábado, 21 de abril de 2012

HERANÇA ENVENENADA


No mapa a origem da África que conhecemos hoje. Uma autêntica manta de retalhos que nunca respeitou tribos e nações indígenas. Muitas delas verdadeiros impérios, com sistemas administrativos próprios, baseados nos seus princípios culturais. A África pré-colonial e pré-islâmica, não era um continente de selvagens brutos e incapazes.

Incapazes de expandir os seus territórios numa Europa que buscava a sua paz interna e saturada, além de depauperada, pelos contínuos conflitos, os governantes e mercadores europeus, descobriram no século XVIII e início do XIX um filão imenso para satisfação da sua insaciável avidez imperialista. E aí foi a partilha vergonhosa e sem escrúpulos duma terra alheia. Os seus habitantes eram vistos pelos invasores como criaturas sub-humanas, sem o mínimo direito a dignidade. 

Esse estigma ainda perdura. Infelizmente!

O único território que conseguiu manter a sua independência e autonomia por mais tempo, foi o orgulhoso Império Etíope, governado por monarquias cristãs coptas.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

ART ROCK QUEEN

Rock Art

A designação de Art Rock pode ser associada à fase inicial da longa carreira dos Queen. Essa produção musical teve o seu melhor expoente no álbum "Queen II". Embora injustamente ignorado, é um excelente trabalho de composição e aprimoramento sonoro ao mais ínfimo pormenor.
Exemplo do eclectismo artístico desse género musical é a famosa extravagância musical "Bohemian Rhapsody", do popular "A Night at the Opera".

O testemunho que aqui mostro é o enérgico e épico "Ogre Battle", que abre o Black Side do "Queen II".

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O QUE É ISTO?


A minha alma está parva e o meu espírito taralhouco!
Por favor alguém me explique o que se passa aí nesse vídeo!
Está tudo doido ou eu acordei num universo paralelo? Com esta coisa da física quântica, já não sei em que acreditar...

terça-feira, 10 de abril de 2012

OUSADIA


Hoje, eu esperava que o semáforo mudasse, para poder atravessar a rua, num movimentadíssimo cruzamento do centro da cidade. Tinha os fones nos ouvidos e num volume de som razoavelmente elevado para poder superar os roncos do trânsito. Mas algo interferia com a música. Eram notas musicais que eu sabia não fazerem parte daquela partitura, por mim mais que conhecida. Ora se ouviam, ora se calavam. Olhei em volta e não vi o que pudesse causar tal interferência. Pensei ser do aparelho reprodutor de som; mas nada indicava que fosse avaria. Até que olhei para cima e um pequeno passarinho amarelo-esverdeado (da ponta do bico à ponta da cauda não teria sequer 8cm), empoleirado num fio de electricidade que cruzava sobre a estrada, piava como se estivesse em plena floresta.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

MONOLOGANDO


Reflexão possível sabendo que no Brasil, em 2011, foram assassinados 266 homossexuais, pelo simples facto de o serem.

Nota prévia: O texto (é um ensaio ainda incompleto, mas que não quis deixar de partilhar neste dia santo de recolhimento e reflexão) escrevi-o em Abril de 2010 mas, infelizmente, mantém-se actual e válido para todo o mundo. Sem esquecer nunca que já estamos no século XXI!

A sexualidade é ainda o grande tabu da humanidade.

Um padre católico ugandês (assessor do governo) apoia (quanto a mim instigou) o governo do Uganda na sua determinação de criar uma lei que pune a prática da homossexualidade com penas pesadas que podem ir até à pena de morte.

No Brasil, na Faculdade de Farmácia da Universidade de São Paulo, estudantes publicam um opúsculo (O Parasita) com um artigo incitando à perseguição e violência sobre os homossexuais. Este tipo de expressão dum pensamento tacanho e chauvinista é chocante quando expresso por uma elite informada e esclarecida, que constituirá o futuro corpo de formação de opinião pública dum pais moderno e influente.

Os valores velhos e obsoletos caem por terra, desacreditados e incongruentes num mundo que se revolve em busca de novos rumos. Mas se no geral se aspira por evolução e avanço, individualmente os medos crescem. As massas não estão preparadas para renovações; nem grandes nem pequenas. Tentam encaixar o novo nos seus velhos modos de perceber e fazer as coisas.

A vivência do novo, do desconhecido, é um drama aterrorizante. E tal pavor leva ao refúgio no velho modo de agir e compreender; uma tentativa infantil de procurar refúgio debaixo das saias (por mais rançosas e pestilentas que estejam) da mãe Tradição.

Mas não só a homossexualidade é um tabu imenso. A sexualidade em geral é um enorme tabu para a humanidade; principalmente para as sociedades inspiradas e influenciadas pelas religiões do Livro (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo). Socialmente a sexualidade humana foi utilizada como veículo de estratificação e discriminação, o que não deixa de ser mais uma das vergonhosas aberrações da visão anti-natura que a humanidade construiu de si mesma.

O infame Pecado Original do Livro (a Bíblia), em que a sedução é diabolizada, foi criado para providenciar o desenvolvimento daninho do complexo de culpa, que connosco carregamos, por uma emoção das mais puras e espontâneas da expressão da nossa libido. A sexualidade faz parte da nossa identidade natural. Qualquer tentativa de a regular e limitar é um atentado castrador que causa profundos transtornos na expressão individual e no equilíbrio emocional.

A sexualidade é o desejo instigador da vontade, que motiva o empreendimento e a concretização da criatividade; a criação. Atenção que falei em criação e não em reprodução! Limitar a sexualidade à reprodução é sufocar o mais importante motor de criatividade. É através da criação que o indivíduo se afirma como ser superior e independente. Daí a necessidade - por parte dos poderosos e governantes - de controlar a sexualidade para poder dominar e amputar a individualidade.

terça-feira, 3 de abril de 2012

POEMA POSSÍVEL


Somos gordos, feios, grosseiros, imundos.
Somos uma praga nauseabunda empestando o mundo.
Somos o pior que a inteligência, ou a falta dela, pode produzir.
Somos a escória, a ralé, o resultado nojento da evolução da arrogância gananciosa.
Somos o dejecto duma espécie que se perdeu em si mesma.
Somos a nódoa que macula o planeta!


Nota do poeta: Não viso ninguém em particular, senão a humanidade como um todo. Se alguém se sentir ofendido... pois que se sinta. Eu não irei pedir perdão a ninguém!