quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ESTAMOS NO MUNDIAL 2010


Merecido festejo dos jogadores da selecção portuguesa de futebol: Portugal vai ao Mundial de 2010, na África do Sul!
Mesmo perante uma claque adversária que primava por uma agressividade alarve, que continuadamente arremessava objectos para dentro do campo, tendo mesmo chegado a molestar fisicamente um dos membros da equipa de arbitragem, os nossos rapazes deram conta do recado. Com todos os sobressaltos a que nos já habituaram, lá conseguiram fazer aquilo que deles se esperava.
Parabéns!

Portugal pode fazer festa, merecidamente. Já o mesmo não se pode dizer de outros casos, que lastimavelmente deixaram a desejar no civismo e lisura.

No jogo entre a Argélia e o Egipto assistiu-se a uma batalha campal de pancadaria grosseira, entre os membros de ambas as selecções. Cenas indignas dum desporto que é de eleição para milhões de adeptos e que deveria ser usado para transmitir exemplos de bom convívio e boa cidadania.

A França conseguiu o seu apuramento através dum golo alcançado na sequência duma jogada irregular (Thierry Henry ajeitou a bola com a mão). O árbitro validou o jogo e a FIFA recusa repetição do jogo por entender que as decisões dos árbitros "são sobrenas e finais" (sic). Nem comento, pois muito haveria a dizer desse solene princípio de respeito pelas decisões dos juízes.

Com a complacência perante erros grosseiros e comportamentos alarves, como poderemos pretender construir um mundo melhor, se não sabemos aproveitar as mínimas oportunidades para fazer passar bons exemplos e modelos?


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

CHAUVINISMO BRASILEIRO PERDURA NAS CAMADAS JOVENS


Numa universidade brasileira uma aluna apresenta-se às aulas com um vestido curto. Os colegas amotinam-se por toda a escola, insultando-a e ameaçando-a. A escola vira um pandemónio e a jovem acaba por ser escoltada para fora das instalações, coberta com uma gabardina emprestada.
Dias depois a direcção da escola em questão, a UNIBAN expulsa a aluna apresentando os motivos em comunicado que abaixo se divulga:
A reacção dos alunos é preocupante, pois indica um exacerbado chauvinismo muito presente na sociedade brasileira. Preocupante pois deveria partir das camadas mais jovens e cultas da sociedade os sinais de evolução cultural e de costumes, numa linha de tolerância e respeito pela individualidade. Normalmente é da juventude que se espera sinais de abertura e renovação.

A gestão que a direcção da universidade fez do assunto é ainda mais preocupante, pois denota que uma instituição que deveria instigar uma boa formação cívica nos seus formandos, compactua e premeia acções de barbarismo reaccionário e anti-cívico.
O modo como o assunto foi tratado apenas demonstra a persistência de hábitos de prepotência e autoritarismo da cultura brasileira. Os vícios esclavagistas ainda perduram na cultura popular brasileira. Não desapareceram apenas por decreto de extinção da escravatura.

Não basta legislar, é necessário também educar e isso a sociedade brasileira no seu todo não está fazendo; desde o mais alto escalão da hierarquia estatal até ao mais humilde cidadão. O Estado brasileiro governa a economia, sem nenhum empenho pela formação de cidadania; cidadania, coisa que o brasileiro comum desconhece.

Não basta ser um dos países mais ricos (economicamente) do mundo, é necessário saber viver com cidadania de qualidade.

Para que conste apresento também foto da jovem em questão com o vestido causador da polémica:
Sim, foi este o vestido causador de tanta polémica!

Este não foi um caso isolado no meio universitário brasileiro. Pela mesma altura, noutro estabelecimento de ensino do mesmo nível, outra aluna também foi alvo do mesmo tipo de perseguição e pelas mesmas razões; o modo como se vestia. Desta feita, ao tentar fugir da turba raivosa, a jovem foi encurralada e chegou a ser fisicamente agredida pelos colegas.
Este caso ficou abafado pois a jovem em questão pediu anonimato nas declarações públicas, que fez aos orgãos de informação e ela mesma abandonou o seu curso no estabelecimento que frequentava, traumatizada pela selvajaria de que havia sido alvo. Como tal o caso perdeu interesse para os media, pois o anonimato não alimenta sensacionalismo voyeurista.

Os estrangeiros acreditam que o povo brasileiro é um povo de mente aberta e sem preconceitos, pois se habituou a identificar o Brasil com a licenciosidade do carnaval carioca, mostrado nas TVs de todo o mundo. Nada mais longe da verdade!
O carnaval carioca é uma industria montada para o turismo internacional e restrito a uma zona exclusiva da cidade do Rio de Janeiro (sambódromo da Avenida Marquês de Sapucaí). Em nada o carnaval carioca é espelho da realidade brasileira.

domingo, 8 de novembro de 2009

AS HORTÊNSIAS DA SÃO

A minha amiga e companheira de actividades bloguistas, São, festeja mais um aniversário de publicações na net. Para comemorar ofereceu àqueles que têm a satisfação de visitar o seu espaço lúcido e interveniente, a beleza serena dumas hortênsias açorianas.

É com grande alegria que vejo o crescente e justificado, sucesso que o blog da São tem feito desde o seu início. E também uma grande satisfação e orgulho de poder presenciar esse sucesso que acompanho desde a fundação.

A todos sugiro a visita e acompanhamento dos textos sempre oportunos da São em: http://saobanza.blogspot.com/

E a ti, Companheira, Amiga e Irmã de Alma os meus parabéns e votos de muito mais e prolongado sucesso.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

OS MENINOS DE PRAGA


À uns anos atrás fui de viagem turística a Praga (Salve, São!). Só poderia ter sido um excelente passeio, pois se não bastasse a óptima companhia da minha amiga São, Praga é uma maravilha de património histórico e cultural. Mesmo tendo por lá perdido um dos meus casacos favoritos, guardo as melhores recordações duma das minhas viagens favoritas.

Mas não venho aqui enumerar os muitos encantos de Praga, senão contar um episódio que muito me divertiu durante essa estadia.

Para quem não saiba em Praga fala-se checo (uma língua eslava) e o serviço televisivo é na língua oficial do país, como é óbvio. Eu não entendo uma palavra de checo, mas ao chegar ao hotel, no fim de cada dia de deslumbrante passeio, ligava o televisor do quarto para constatar que invariavelmente era hora do noticiário. Em checo eu não entendia nada, mas... (há sempre um "mas") "presidente", "república", "sexual" e "escândalo" são termos que muito se assemelham na maioria das línguas, pelo menos as ocidentais. Fiquei curioso, pois por três dias seguidos o caso se repetia.

O guia do nosso grupo era checo, mas tinha aprendido português, para poder trabalhar como guia turístico (ele havia se formado em História, mas encontrou no turismo uma melhor fonte de receita), Ian era o nome dele (não era São? esta minha memória para nomes...) Intrigado com o caso das notícias, resolvi questionar o simpático guia sobre o que se passava. Ele sorriu com algum embaraço, perante o meu pedido de esclarecimento e tratou de, muito cordialmente, enrolar conversa, dando-lhe um rumo que me levasse a distrair do assunto. 

Ora, tolo não sou e percebo quando me querem esconder algo, pelo que ainda mais o caso aguçou a minha curiosidade. Não insisti logo, para não ser indelicado, mas mais tarde voltei a confrontar o guia. Nova tentativa de evasão. E se antes o caso apenas me intrigava a mim, agora até a minha amiga São se mostrou curiosa, sobre as razões que tanto embaraçavam o simpático homem, pelo que então pude contar com o apoio dela numa investida conjunta, montando um cerco interrogatório ao pobre Ian, que outra alternativa não teve senão desbroncar-se todo e relatar o que se passava.

O caso é que o país andava em polvorosa por causa dum escândalo sexual ocorrido dentro do palácio presidencial (o palácio presidencial checo fica no complexo monumental do Castelo de Praga; um dos pátios retratado  na imagem acima). Um jovem militar da guarda presidencial, havia denunciado ter sido vítima de violação sexual por parte do psicólogo do regimento. Na sequência das averiguações do caso veio a saber-se que o clínico tinha violado mais de duas dezenas de jovens militares da Guarda Presidencial. 

O quê?! Um civil a violar militares?! Mas que raio de guardas eram aqueles? E em que mãos estava a segurança do presidente, quando os próprios guardas que o deveriam proteger não eram capazes de proteger o próprio... traseiro?

O caso era no mínimo caricato e eu e a São entendemos bem as razões do embaraço do guia.