Numa universidade brasileira uma aluna apresenta-se às aulas com um vestido curto. Os colegas amotinam-se por toda a escola, insultando-a e ameaçando-a. A escola vira um pandemónio e a jovem acaba por ser escoltada para fora das instalações, coberta com uma gabardina emprestada.
Dias depois a direcção da escola em questão, a UNIBAN expulsa a aluna apresentando os motivos em comunicado que abaixo se divulga:
A reacção dos alunos é preocupante, pois indica um exacerbado chauvinismo muito presente na sociedade brasileira. Preocupante pois deveria partir das camadas mais jovens e cultas da sociedade os sinais de evolução cultural e de costumes, numa linha de tolerância e respeito pela individualidade. Normalmente é da juventude que se espera sinais de abertura e renovação.
A gestão que a direcção da universidade fez do assunto é ainda mais preocupante, pois denota que uma instituição que deveria instigar uma boa formação cívica nos seus formandos, compactua e premeia acções de barbarismo reaccionário e anti-cívico.
O modo como o assunto foi tratado apenas demonstra a persistência de hábitos de prepotência e autoritarismo da cultura brasileira. Os vícios esclavagistas ainda perduram na cultura popular brasileira. Não desapareceram apenas por decreto de extinção da escravatura.
Não basta legislar, é necessário também educar e isso a sociedade brasileira no seu todo não está fazendo; desde o mais alto escalão da hierarquia estatal até ao mais humilde cidadão. O Estado brasileiro governa a economia, sem nenhum empenho pela formação de cidadania; cidadania, coisa que o brasileiro comum desconhece.
Não basta ser um dos países mais ricos (economicamente) do mundo, é necessário saber viver com cidadania de qualidade.
Para que conste apresento também foto da jovem em questão com o vestido causador da polémica:
Sim, foi este o vestido causador de tanta polémica!
Este não foi um caso isolado no meio universitário brasileiro. Pela mesma altura, noutro estabelecimento de ensino do mesmo nível, outra aluna também foi alvo do mesmo tipo de perseguição e pelas mesmas razões; o modo como se vestia. Desta feita, ao tentar fugir da turba raivosa, a jovem foi encurralada e chegou a ser fisicamente agredida pelos colegas.
Este não foi um caso isolado no meio universitário brasileiro. Pela mesma altura, noutro estabelecimento de ensino do mesmo nível, outra aluna também foi alvo do mesmo tipo de perseguição e pelas mesmas razões; o modo como se vestia. Desta feita, ao tentar fugir da turba raivosa, a jovem foi encurralada e chegou a ser fisicamente agredida pelos colegas.
Este caso ficou abafado pois a jovem em questão pediu anonimato nas declarações públicas, que fez aos orgãos de informação e ela mesma abandonou o seu curso no estabelecimento que frequentava, traumatizada pela selvajaria de que havia sido alvo. Como tal o caso perdeu interesse para os media, pois o anonimato não alimenta sensacionalismo voyeurista.
Os estrangeiros acreditam que o povo brasileiro é um povo de mente aberta e sem preconceitos, pois se habituou a identificar o Brasil com a licenciosidade do carnaval carioca, mostrado nas TVs de todo o mundo. Nada mais longe da verdade!
O carnaval carioca é uma industria montada para o turismo internacional e restrito a uma zona exclusiva da cidade do Rio de Janeiro (sambódromo da Avenida Marquês de Sapucaí). Em nada o carnaval carioca é espelho da realidade brasileira.
Podem também ler o excelente texto que o amigo Arnaldo escreveu no seu Não Seja Apenas Mais Uma Marioneta: http://naosejaapenasmaisumamarionete.blogspot.com/2009/11/uniban-expulsa-geisy-decretando-sua.html
3 comentários:
Ai, o vestido era este?! è impossível!!
Fiquei estupefacta com o acontecimento, principalmente com a atitude de pessoas tão jovens e já tão preconceituosas, efectivamente!
Parabéns, meu bem, pela coragem!
Um abraço fraterno.
Amigo,
muito obrigado pela divulgação do meu post e pelo belissimo e ao mesmo tempo violento texto que escreveste, sei que sou bom escritor, mas meu vocabulário jamais se equipará ao teu e a facilidade com que escreves com palavras as vezes, complicadas de se ler, mas faceis de entender, mesmo que nem ao menos conheçamos o significado das mesmas, quanto ao acontecimento com a Geisy, eu como brasileiro e estudante fico indignado com o que ouve e por isso junto a outros amigos, fizemos aquele texto, infelismente ou felismente, metade do texto foi escrito por mim e a metade que não foi feita por mim fou bem mais competente e na parte que retiraram do texto que escreví haviam palavras e frases que talvez causassem um processo judicial contra eu e meus amigos, mas por respeito a Instituição e aos estudantes,não colocamos tudo, pois espero que este seja um fato isolado e que depois de toda essa "festa" que fizeram em cima do que houve que as pessoas aprendam e não mais façam esse tipo de barbaridade.
Abraços amigo e mais uma vez obrigado por tudo.
O Brasil vende uma imagem errada, o país de fato é rico mas, do que adianta essa riqueza se vemos coisas como esta acontecendo? E o pior é que não importa a forma como ela estava vestida. O que importa é que muitos do que zombaram dela ao serem entrevistados nem sabiam responder o porque fizeram aquilo. Uma prova contundente de que vivemos em um estado que esta longe de chegar ao primeiro mundo porque ainda esta na idade média!
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