sábado, 16 de fevereiro de 2013

O TOQUE



Perdemos o toque. Perdemos a capacidade de comunicar pelo toque.

Civilidade é domesticação, dominação, subjugação.

Como humanos somos seres por essência comunicativos. Somos criaturas gregárias. A falta de comunicação debilita o ser humano na sua identidade e expressão.

Comunicamos pelos sentidos. Com todos eles. E através de todos eles. Se algum for excluído ficamos incompletos.

Puritanismos patéticos. Moralismos anti-natura. Preceitos castradores da natureza bio-emocional humana. Preconceitos aberrantes. Deformação de padrões e valores. Tudo foi utilizado para sufocar o nosso apelo instintivo ao contacto directo; pele na pele.

Religiões ínvias amputaram o toque através duma argumentação de pecado e condenação por luxúria. O medo do apelo das emoções primordiais.

Atrofiados tentamos o equilíbrio dum ser que nunca poderá ser.

A lascívia faz parte dos nossos impulsos mais profundos. O apelo ao prazer, pela necessidade dele para nos reequilibrarmos emocionalmente e nos mantermos saudáveis. Activos. Felizes.

O anseio pelas multidões. O roçar dos corpos agitados. A libertação do ser indiscreto que habita em nós. O partilhar de sensações. O libertar de emoções. O explodir da electroquímica do cérebro. O êxtase de vogar no mar proibido de hormonas inspiradoras de liberdade e satisfação. Prazer, prazer, prazer.

Comunicamos através de todos os sentidos, se algum for excluído ficamos incompletos.


Nota: Banda sonora sugerida, "I Have The Touch" de Peter Gabriel.