quarta-feira, 29 de abril de 2009

O VALOR DA EXPERIÊNCIA

De início eu tinha opiniões dúbias em relação a ele. Talvez ainda possa manter algumas cautelas em opinar sobre a pessoa, mas assistindo em directo ao jogo de futebol entre o Santos e o Corinthians do passado domingo, pude verificar o valor da experiência, que faz a diferença entre a arrogância e a auto-confiança. 
Falo do segundo golo de Ronaldo nesse jogo, que marcou o resultado final de 3-1 a favor do Corinthians. Até o próprio Pelé, presente no estádio, não se poupou a elogios à indubitável técnica de Ronaldo. 

E como se consegue tal feito?! Com a modéstia da dedicação a um trabalho de anos, cujo resultado é o aperfeiçoamento dum desempenho eficaz. No pain, no gain.

O que eu vi e se pode rever na repetição do lance até à exaustão, é o resultado de anos de experiência. A maturidade alcança-se com tempo e dedicação. Muitas vezes é necessário descer ao fundo do poço para aprender o valor da luz.

Medina Carreira diz "as pessoas sabem o preço das coisas, mas desconhecem o valor das coisas". Nos dias de consumismo hedonista em que vivemos e construímos a nossa civilização, pretende-se que tudo seja imediato e de fácil acesso. Apenas visamos os alvos, sem entender que o ganho está no percurso. Perdemos o sentido do aprendizado, o valor do ritual, a importância da iniciação.

O golo de Ronaldo pode parecer um passe de génio. Mas por trás daquele chuto estão anos de experiência e dedicação. Os génios não nascem feitos; aprendem! E isso está em extinção no nosso mundo civilizado: a importância do aprendizado.

Governantes e operadores sociais apelam para a necessidade da formação individual, mas em redor tudo apela para o imediatismo comodista. Temos de fazer escolhas sérias e conscientes. Temos que saber abdicar para ganhar.

terça-feira, 14 de abril de 2009

MÃO BRANDA E MÃO PESADA

Na política há que ser destemido e ousado, mas acima de tudo firme. Convicto também, para que as suas ideias sejam credíveis e galvanizem o apoio popular.

Barack Obama não hesitou em pedir que os seus militares usassem de medidas extremas para libertar com vida o comandante de navio refém dos piratas somális e logo em seguida anunciou medidas de liberalização no intercâmbio e circulação entre os cubanos exilados/imigrados nos USA e os seus parentes ainda em Cuba. (As coisas estão mexendo lá pelos States)
Certo que ele pediu contrapartidas ao governo cubano para prosseguir na abertura de relações entre os dois países, nomeadamente na questão do respeito pelos direitos humanos; no entanto, não o fez sem antes ter tomado medidas para acabar com a ignomínia que se passava em Guantanamo, em pleno solo cubano (sob a égide da Stars and Stripes).

Desde à muito tempo que a questão do bloqueio a Cuba se tornara um embaraço para a diplomacia americana, pois cedo se verificou que ele era ineficaz nas suas pretensões. Persistir no erro era apenas o orgulho de não querer reconhecer a falta de visão política a longo prazo. Tal medida nunca poderia resultar; quanto mais se bate na casca dum molusco mais ele se fecha. Elementary my dear Watson!

Quanto à firmeza perante os piratas somális... não há diálogo possível com escória sem escrúpulos. Canalhas sempre foram, essa escumalha da pirataria. Para eles apenas vale a razão das armas; e o jogo é entre a vida e a morte.

Obama entende e muito bem, que a nova guerra não é travada entre grandes exércitos em campo de batalha. Actualmente qualquer indivíduo isolado pode declarar guerra à maior potência, seja ela qual for. A vantagem está na capacidade de reacção e na inteligência de decisão rápida e eficaz.

Com o advento das novas tecnologias da informação, cada vez mais as políticas devem ter em conta a opinião e vontade popular. Um povo informado é um povo consciente dos seus direitos e da sua capacidade de intervir.

Um governante deve saber quando usar de mão branda ou de mão pesada.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

RUFFLES

Uma sandes de fiambre para tomar o Xanax (ansiolítico); a toma vespertina, a segunda do dia.

Depois foi assistir o final do noticiário televisivo, até me vir sentar aos comandos da nave (o meu Macbook).

Passei em revista os trabalhos em curso (ok! tudo baixando direitinho!), que não posso aqui revelar para não ser incriminado por usufruto de propriedade artística sem os pagamentos que os tubarões das editoras roubam para encher as suas fartas panças e depois dão-lhes o nome de: direitos de autor.
Ah! Ah! Ah! Direitos de autor!... Melhor será chamar de espólio dos parasitas que engordam à custa da criatividade alheia.
Toda a indústria do entretenimento é uma imensa farsa de crápulas sem escrúpulos.

A minha mãe nunca recebeu direitos de autor por gerar um génio como eu!

Mas eu estava fazendo outro relato. Retomando... Com um pacote de ruffles (eu prefiro lisas, mas como não haviam...) com sabor a cebola e salsa (prefiro as de sabores a ervas, pelo menos ajudam a disfarçar o gosto de óleo resquentado) de um lado e um copo de pilsen (é uma variedade de cerveja!) Antarctica (a Antarctica não produz apenas refrigerante de guaraná!) do outro lá fui em busca das notícias sobre a greve de fome do actual Presidente da Bolívia Evo Morales.

A banda sonora estava a cargo do Amarok de Mike Oldfield e a cerveja bem geladinha. Hummm!...

Mas voltemos a Evo Morales, um homem que eu muito admiro e mais um exemplo de que este nosso mundo se vai reajustando.
Ao fim de séculos um Inca volta a governar em território Inca!
Um Presidente que não receia recorrer a uma medida extrema e prosaica, a recorrência emocionalmente chantageosa à greve de fome, para conseguir alcançar os seus intentos políticos. Também é um presidente que não receou ir buscar para sua Ministra da Justiça uma empregada doméstica (criada, mulher de limpezas, mulher-a-dias) sem formação académica. Creio nunca a Justiça dum país ter estado mais bem representada e supervisionada.
Não é por ter a cabeça cheia de regras e regulamentos que se percebe melhor qual o verdadeiro sentido que a Justiça deve ter. Por vezes uma mente simples e pura vê muito melhor e mais longe (ou mais fundo), que essas cabeças arvoradas.

Afinal esta sociedade não pretende implantar por todo lado um sistema Democrático em que todos tenham direitos iguais?! Então vamos a isso! Abaixo o ridículo uniforme de gravata e paletó! Abaixo essa corja de pedantes a soldo das grandes corporações, esses que são as verdadeiras rameiras que se vendem sem pudor aos interesses da ganância desmedida.

É tempo de arejar!

É tempo de CRESCER!!!

Pena só ter trazido uma Antarctica. Já tenho a garganta seca.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

DIVAGANDO

Todos nós aspiramos atingir algo na vida. Alguns almejam vários objectivos, outros se resignam com menos. Há ainda quem não encontre propósito na vida.

Olhando em redor, observando o mundo em que vivemos, por vezes a vida não faz muito sentido, pois os objectivos a que nos propomos e os modos que usamos para os alcançar não são coerentes. Almejamos a felicidade e rodeamo-nos de frustração e angústia. 

Um amigo certa vez me disse que "se não fazemos melhor foi porque não nos ensinaram". Sim, concordo com ele. Mas... E a nossa vontade intrínseca? Não basta remetermo-nos à nossa ignorância, usando-a como desculpa para não evoluir. Não foi desse modo que a Humanidade se desenvolveu. 

Não nos ensinam a pensar, mas podemos tentar aprender por nós, ou procurar quem nos ajude. A ignorância ostensiva é o grande travão da nossa qualidade de vida geral. Um povo inculto é um povo volúvel a todo o tipo de sevícias e manipulações oportunistas. Um povo inculto em nada melhora as suas condições de existência e persiste em condutas incovenientes e gravosas, tanto para ele como para terceiros.

Mas não basta frequentar a escola ou ter um canudo académico para se ser culto. O crescimento mental e espiritual de cada um depende de si mesmo, do seu esforço de evoluir, de transcender a rotina comezinha dum quotidiano atrofiante. E também transcender o cinismo e a arrogância.