quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

MOBILIDADE URBANA II



As cidades são tudo menos um ambiente humanamente saudável.

Viver segundo interesses economicistas não é saudável. Numa sociedade competitiva é fundamental chegar primeiro, seja onde e ao que for. Isso traz urgência para todos criando um modo febril de estar. Todos se esganam para ficar adiante dos demais. Assim a mobilidade urbana se torna caótica, pois cada um pensa apenas na sua vantagem. E isso multiplicado por milhares, quando não mesmo por milhões, torna-se um problema grave.

Descentralização, desmonopolização são dois vocábulos fundamentais na oferta de qualidade de vida.

O problema da mobilidade passa, entre muitos outros vectores, pelo modo de vida pendular desta sociedade produtora/consumista. Tudo seria mais facilitado com a liberalização e dispersão de horários, tanto de serviços como de comércio. A visão imperialista da estruturação vertical da sociedade e do seu modo de vida leva a uma centralização em função dos benefícios financeiros e não do bem-estar humano.

Com horários alargados do funcionamento empresarial e menores turnos laborais, recorrendo para isso a um aumento de número de funcionários – sem que isso representasse perda de salários para os mesmos – seria possível distribuir os utentes de transportes urbanos sem o doentio vai-vem pendular superlotado dos horários de ponta. Além de assim rentabilizar as próprias carreiras de transportes, algumas das quais só compensam financeiramente a sua existência nesse sufoco de afluências periódicas diárias, mas com grandes incómodos dos utentes que recebem um tratamento de mercadoria; transportados em condições indignas e de risco físico.