domingo, 26 de outubro de 2008

PAULO

Noite.

Os véus de Apóphis velaram o Sol. 
O Reino das Sombras invade o Mundo deixando-nos sós, perante o receio de olhar o vazio que de fora se precipita para o fundo das nossas almas.

O Mundo pára e adormece. 
Apenas as sentinelas da Luz permanecem nos seus postos.

No meu recanto de solidão eu me entrego ao Sonho, embalado pela música que me leva em viagens sem destino, por planos e espaços que a forma física não pode alcançar. E aí encontro a tua lembrança, as tuas palavras, os teus escritos, os teus sentires, os teus sentimentos, as tuas dúvidas e as tuas certezas. 
A singularidade da tua pessoa. A quem estendo a mão e... quase posso tocar. 
Mas apenas nos resta o quase...

À minha frente a negra parede do vazio, rasgada pela janela luminosa que nos permite contactar através da voz das nossas almas. Tão simultaneamente virtual e real, como a Amizade e Cumplicidade com que não nos tocamos, mas nos conhecemos.
Irmão Guerreiro, te ofereço a minha asa de Dragão. Voemos!

PS: ao Paulo do Sidadania. Almas como a tua nos fazem dar sempre mais um passo adiante.

sábado, 18 de outubro de 2008

MANUEL ALEGRE, AGAIN

A pedido e por sugestão, volto ao tema do voto e das afirmações de Manuel Alegre, sobre a apresentação à discussão na Assembleia da Republica de dois projectos de lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo; homossexuais para sermos mais claros.

Não retiro nada do que afirmei no meu post anterior apenas porque o deputado do PS em questão desrespeitou a disciplina de voto do seu partido para votar segundo a sua consciência.

Eu assisti à entrevista que passou na TV (SIC Notícias, Jornal das Nove, com Mário Crespo) em que ele explicou que votara favoravelmente por que se não o fizesse iria contradizer afirmações suas que proferira quando em campanha eleitoral para as presidenciais. De igual modo na mesma entrevista, ele se retratou de ter sido áspero e despropositado nas afirmações que havia proferido em relação à participação da JS neste caso.

Não nego o empenho que o deputado-poeta possa ter em relação aos direitos das minorias (serão assim tão minorias?), mas atendendo às suas palavras ele apenas votou <sim> para não cair em contradição com as afirmações favoráveis aos interesses dos homossexuais num momento em que se pode dizer tudo para ganhar votos.

Quanto às afirmações terem saído dum impulso rude e imponderado... bem, isso não é comportamento que se espere de quem pretende ocupar o cargo mais elevado na hierarquia nacional. Quem se arroga o direito de alguma vez ter tido e poder ter de novo, interesse em ocupar tal cargo deve ser mais ponderado nas suas afirmações aos chacais da informação.
Os temperamentalismos deve deixá-los para a poesia, que aí serão completamente permitidos.

Concluindo; reconheço ao Sr. Manuel Alegre a nobreza do gesto de se ter vindo retratar em público, contudo para mim, tudo agora que o deputado-poeta afirmar fica sujeito ao benefício da dúvida. Ou para ser mais claro, continuo a ter dúvidas quanto às verdadeiras intenções políticas do Sr. Manuel Alegre. Afinal o que faz ele naquele partido-partido?

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

SOU LIVRE

Eu sou um homem livre.

Eu não tenho um emprego. Eu não tenho que gerir a minha vida por um quotidiano rigidamente ordenado em função dum horário laboral. Não tenho um salário para prover às minhas necessidades de subsistência básicas.

Eu sou um homem livre.

Não tenho uma casa minha, nem tão pouco alugada (já que não tenho uma fonte de rendimentos que me permita suportar esses encargos financeiros). Moro em casas de amigos graças à sua benevolência e amizade.

Eu sou um homem livre.

Durmo indiferentemente de dia ou noite. As patologias que me afectam baralham-me as rotinas e a medicação torna-me trôpego e lânguido.

Eu sou um homem livre.

Não tenho fontes de rendimentos para prover à minha subsistência. Tento malabarismos financeiros com as parcas poupanças que me restam.

Eu sou um homem livre.

Como com gula e sem critério, pois a ansiedade desregula o meu metabolismo e qualquer sentido de disciplina que eu gostaria de me impor.

Eu sou um homem livre.

Posso ir e vir sem ter que dar satisfações a ninguém, pois não tenho nenhum companheiro amante com quem partilhar a minha intimidade. E de quem receba e a quem dê carinho e dedicação.

Eu sou um homem livre.

Elejo e venero as divindades que aprovo e a quem me disponho a orar, não aceitando dogmas de religiões institucionalizadas.

Eu sou um homem livre.

Sigo os impulsos do momento, sejam-me eles ditados pela minha vontade ou por algum instinto ou anseio inconsciente.

Eu sou um homem livre.

Porque sou feliz por ser apenas Eu. Feliz por ser quem sou. E por ter a coragem de ser Eu.