domingo, 31 de outubro de 2010

VIOLETA (FLOR DE ÍRIS)

Violeta... ares do campo... jardim varrido pela brisa duma tarde outonal. As árvores trocando as cores, despindo-se das folhas como serpentes floridas mudando de pele. O encanto da sonolência mágica do ócio. Paz.

Caminho entre os canteiros onde flores de lis se apinham perfumando a tarde de cor e luz. Os meus pensamentos são levados longe, onde amigos secretos me esperam com sorrisos e amor. Eu sou apenas uma vontade de existir. A prevalência da Vida.

Os meus desertos interiores são a eira virgem onde o espírito se aconchega. A voz é o chilreio dos pássaros desafiando entre as ramagens verdes, vermelhas, castanhas,... douradas, enfim.

As mãos ensaiam um toque, mas perdem-se na volúpia da Natureza. Quem consegue atingir o Coração da Divina Mãe?


Nota: Este texto é a minha participação para o desafio de blogagem colectiva “Minha Ideia é meu Pincel” lançado pela amiga Glorinha L de Lion do Café com Bolo, inspirado no quadro “Íris nos Jardins de Monet” do próprio Claude Monet.

sábado, 30 de outubro de 2010

TEERÃO E IRÃO (3)

Para terminar esta nossa curta visita a Teerão vamos dar uma olhada pela modernidade.

Moderno núcleo urbano

Condomínio residencial e a omnipresente Cordilheira Elbruz

Torre Milad com 435 m de altura é a quarta mais alta do mundo

Moderno edifício comercial

Interior do Shopping Tirajeh

Desfile de moda feminina em Teerão

E porque a moda iraniana não haveria de ser com modelos inspirados na tradição e costumes locais? O orgulho dum povo na sua cultura sobrepõe-se a modismos impostos por terceiros que se movem apenas pelo fascínio do lucro máximo a todo custo. Uniformização globalizada não é liberdade nem democracia.

Biblioteca Nacional do Irão em Teerão

Interior da Biblioteca Nacional

Museu de Arte Contemporânea de Teerão

O Museu de Arte Contemporânea de Teerão possui um dos maiores acervos de arte ocidental na Ásia. Com obras variadas de diversos autores atravessando os diferentes estilos e épocas desde impressionistas como Claude Monet até à art-pop de nomes como Andy Warhol.

O Irão possui uma moderna rede ferroviária que liga as várias regiões do pais e ainda com extensões internacionais que chegam à Europa através de Istambul.


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

BEM HAJAM!

Quero agradecer em meu nome e de toda a família do Zé Manuel, a vossa presença e solidariedade. Bem hajam!

Fiquem bem e em Paz!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

LUTO

Estou de luto! Por alguém muito querido, que partiu.

Morreu de acidente de trabalho. Trabalho... responsabilidade que ele levou tanto tempo a compreender e aceitar. Já na escola, quando eu também jovem, mas um pouco mais velho, lhe dava apoio ao estudo, ele se revelava esquivo e desleixado com a aprendizagem.

Acompanhei o seu crescimento e amadurecimento. As suas traquinices e a simpatia com que sabia trazer um sorriso ao rosto dos amigos. Era alegre no convívio e gostava que a vida fosse ligeira e uma festa. Mas nem sempre foi assim. Teve os seus percalços e as suas alegrias; caiu e levantou-se, para voltar a cair e reerguer-se de novo.

Aprendeu com a vida e tornou-se pai. Agora a Vida levou-o e deixou o filho dele para crescer na ausência do pai, tal como a ele havia feito.

Choro a sua ausência como um irmão, junto com os seus irmãos. E com eles te acompanho em oração. Os laços do amor nos unem.

Nos encontraremos de novo, Zé Manuel!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

TEERÃO E IRÃO (2)

Continuando o nosso olhar sobre Teerão e o Irão.

Sim, é a imagem da Virgem Maria (Nossa Senhora para os católicos e afins) e como podem ver pela presença da Torre Milad ao fundo, em Teerão, mais precisamente no Parque do Diálogo (diálogo entre civilizações).

Outrora todas as civilizações eram tolerantes em termos de religião, até surgir o sectarismo do cristianismo imposto por Paulo de Tarso e depois confirmado pela atitude das Cruzadas. Foi um mau exemplo, que devido às sementes de ódio que disseminou depressa contaminou outros povos e crenças.

Embora a propaganda pró-ianque apresente o Irão como uma nação de intolerância a verdade é que por lá são permitidos todos os cultos e respeitados seus locais de reunião e devoção.

Templos cristãos (igrejas)

Templos judaicos (sinagogas)

Podem consultar uma lista de sinagogas espalhadas pelo Irão na Wikipedia (link). Ao que consta numa das sinagogas existe uma Tora com 800 anos. Quem diria, com o discurso inflamado do presidente iraniano contra o estado de Israel.

Templos do Fogo (Zoroastrismo)

Zoroastrismo, a religião monoteísta persa, fundada por Zaratustra (ou Zoroastro) e muito anterior a qualquer uma das religiões monoteístas da Bíblia e que os historiadores acreditam tenha estado na origem destas.

Templos muçulmanos (mesquitas)

Jardim do Diálogo

Ainda no Jardim do Diálogo podemos ver outras estátuas de eminentes figuras da história e culturas mundiais.

Simón Bolívar

Biruni, polímate persa do séc. IX

Os iranianos são um povo orgulhoso da sua história e da sua cultura.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

TEERÃO E IRÃO (1)

Com bastante frequência se houve falar sobre o Irão e as polémicas em torno do seu presidente e da elite governativa. Mas um pais não é apenas os seus governantes e as suas políticas internacionais. Um país é um povo e uma cultura. E se nos media a imagem que do Irão se pretende passar é de um pais retrógrado e cegamente tradicionalista, através duma propaganda de difamação e distorção, sustentada na imagem da aparições polémicas do seu estadista, eu pretendo aqui mostrar algumas imagens da realidade do Irão e da sua capital Teerão, que interesses capitalistas tentam esconder e denegrir.

Auto-estrada à entrada de Teerão. Ao fundo pode ver-se a cadeia montanhosa que emoldura a cidade e que aparecia na foto-adivinha que publiquei anteriormente.

Torre Azadi (Liberdade), na praça do mesmo nome. Foi construída em 1971 para comemorar os 2500 do Império Persa, tendo na altura sido designada como Memorial dos Reis. Mudou de nome quando da revolução islâmica de 1979. A praça ocupa uma área de 50.000 m² e é um orgulhoso símbolo da independência nacional. A imponente e graciosa torre tem a altura de 45 metros (poderão ter uma visão mais próxima ampliando a última foto, o mosaico fotográfico, deste post).

O Complexo Desportivo Azadi, que albergou os Jogos Asiáticos de 1974. O seu elegante estádio tem capacidade para 100.000 espectadores e está equipado com um dos maiores écrans gigantes do mundo.

Embora em última instância seja o Conselho dos Guardiães que supervisione os destinos do país, o Irão é uma república islâmica com um parlamento composto por 290 membros eleitos por sufrágio universal a cada 4 anos. Além de assumir o poder legislativo este parlamento tem a capacidade de demitir o presidente da república através dum Voto de Censura, por uma maioria de dois terços.

Uma vista aérea da moderna cidade de Teerão, com uma população que passa os 7.160.000 habitantes na aérea urbana e chegando aos 14 milhões incluindo a região metropolitana. É um grande centro cosmopolita e tolerante, como veremos mais adiante na segunda parte deste artigo ilustrativo. Clicando sobre as fotos poderão visualizá-las com melhor detalhe.

domingo, 24 de outubro de 2010

QUE CIDADE?

Como hoje é Domingo, logo tempo de lazer, a minha proposta é uma adivinha. Que cidade é essa da foto?
Em breve irei publicar mais fotos dela e então direi qual é aos que não acertarem. Entretanto posso ajudar dizendo que se situa no Hemisfério Norte, ao Norte do Trópico de Câncer, num país que é frequentemente mencionado nos noticiários de todo mundo.
Como se pode ver pela tonalidade de algumas das árvores a foto foi tirada no Outono.
Fico à espera das vossas respostas. E para todos votos dum bom Domingo e que seja uma óptima semana esta que se inicia.

Então, qual é a cidade?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

NO RER

Pegando numa ideia que apanhei lendo um texto do Alexandre Mauj...

Íamos no RER (Réseau Express Régional, uma rede ferroviária que liga o centro de Paris aos seus arredores, servindo com rapidez e comodidade toda a região metropolitana da capital francesa, link) eu (português) e o meu amigo Rachid (marroquino). Era quase final da tarde e hora de ponta, pelo que o comboio seguia cheio. Perto de nós seguia um grupo de imigrantes portugueses, que se destacavam do resto dos passageiros por falarem alto demais, aos gritos, rindo debochadamente das baboseiras que diziam.

O meu amigo ao fim dum bocado prestando atenção no linguajar deles (que ele não entendia o sentido, pois não sabia falar português) virou-se para mim e disse-me:

- São portugueses como tu! Eu posso perceber que a língua é a mesma. Que estão eles dizendo que se divertem tanto?

- Por favor não digas que eu sou português aqui, pois tenho vergonha de ser comparado que aquela gentalha. E não me perguntes o que eles estão a falar pois não o vou dizer aqui. Em casa falaremos. Dans ce moment la j’ai honte d’êtres portugais! - respondi eu.

Obviamente que o diálogo entre nós era em francês, a língua que falávamos em comum, já que nenhum de nós falava a língua materna do outro. Mas pelo meu cuidado em resguardar a minha identidade e pelo ar de deboche dos jovens em questão o Rachid percebeu que a coisa era reles e grosseira. Pelo que se remeteu a um silêncio chocado. As expressões dos restantes passageiros era de resignação, de quem já se habituou a presenciar tais costumeiras demonstrações de alarvidade, pois mesmo sem entender patavina da língua, pelas atitudes dava para perceber que a temática era depravada.

Em casa expliquei-lhe que o que aqueles trogloditas faziam era debochar obscenamente das jovens e demais mulheres que circulavam na mesma carruagem que nós, escondidos no anonimato da diferença linguística, berrando com todos os pormenores descritivos e usando os mais grosseiros palavrões, o que fariam sexualmente com cada uma delas.

O caso que relato aqui não é único, nem exclusivo aos emigrantes portugueses, mas comum a todos os emigrantes em países que falam outra língua e onde demonstram a sua xenofobia através do escudo cobarde da língua, debochando dos seus anfitriões. É uma atitude cobarde de quem arrasta consigo a sua má formação e má educação para onde quer que vá.

Como disse acima, a ideia para este meu artigo veio dum relato que o nosso amigo Alexandre do Lost in Japan (link) apresentou no seu post “As lágrimas dos Diferentes – Autismo e Preconceito” (link). É com atitudes lamentáveis dos seus representantes mais reles e indignos que os povos e nações ganham estigmas que apenas servem para alimentar a arrogância e rejeição dos xenófobos.

Gente inculta e mal educada é mau exemplo em qualquer parte.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

ENTREVISTA


São, minha querida Amiga, sabes que não gosto destas correntes internéticas, mas tomei este teu desafio como se duma entrevista que me estivesses fazendo se tratasse. Obviamente que algumas das questões não irias pôr, por serem tolas e a tua mente estar mais voltada e vocacionada para assuntos mais proveitosos, mas mesmo assim não quis censurar nenhuma delas e dispus-me a responder a todas. Posso dizer que foi divertido.

Para ficar em concordância com o que acima disse não irei acrescentar nenhuma questão, como a ti foi proposto.

(As fotos são do meu quarto em Portugal. Mostram a parede que ficava à minha frente quando eu me sentava no computador escrevendo. O meu mundo.)

1) A relação com tua sogra é boa?

Embora isso só me diga respeito a mim, posso dizer que navio que se faz ao mar pode contar com calmaria e tempestade.

O estereotipo de que a relação com a sogra tem de ser uma coisa complicada (boa ou má), não passa de mais um preconceito entre os muitos que a nossa sociedade machista e misógina criou para se defender de si própria e dos seus medos.

2) Qual o teu desafio pessoal?

Auto-conhecimento.

É difícil definir um desafio pessoal para cada um de nós, pois todos temos vários desafios. O único desafio que é geral e inconsciente (para todo e qualquer ser humano) é o desafio de crescer em consciência e humanidade.

3) Se a tua chefe ganhasse a lotaria, que lhe dirias?

“Parabéns!”

O mais que lhe pudesse dizer dependeria de quem ela fosse (como ser humano) e do que na circunstância ela me dissesse a mim. Mas é óbvio que gostaria muito de lhe responder: “Obrigado por teres compartilhado metade do prémio comigo!”

4) Descobres que uma pessoa te mente. Que fazes?

Como sempre (porque tal não seria a primeira vez) continuaria com a minha vida. Apenas não voltaria a confiar espontaneamente nessa pessoa.

A mentira é muito comum no nosso quotidiano. Todos sabemos disso e fingimos que assim não é. Mas há diferentes tipos e graus de mentira. Na minha resposta generalizei, mas numa situação concreta iria analisar o grau e propósito da mentira em questão para depois proceder conforme.

5) Há um incêndio em tua casa e só podes salvar uma coisa. Qual é? E porquê?

Salvaria a foto da Leila ( a dálmata que tratei durante 12 anos). Porque foi a única criatura que me amou incondicionalmente em toda a minha vida.

Mas como ando sempre com o meu macbook agarrado a mim é óbvio que ele iria também. Afinal nele está tudo aquilo que preciso para manter alguma sanidade e tranquilidade na minha vida.

6) Entras num lugar apinhado. Que fazes?

Nem chegarei a entrar, fujo de imediato.

Fico em stress de pânico perante outro ser humano, que aumenta proporcionalmente com o número de pessoas presentes.

7) Para ti, o recipiente está meio vazio ou meio cheio? Porquê?

Meio cheio, pois nenhum recipiente foi criado cheio.

8) Encontras a Lâmpada de Aladino, quais são os teus três desejos?

Poderia muito bem dar aqui a habitual e auto-promotora resposta do bom santinho “paz e amor para o mundo” mas o Aladino iria rir na minha cara e dizer que eu tinha perdido a oportunidade com baboseiras.

Pessoais: um ipod (para poder ouvir a minha música em todo o lado), um ipad (para poder levar comigo os meus livros e fotos e poder deles desfrutar em qualquer circunstância, em qualquer lugar) e dinheiro para poder levar o resto da vida a viajar pelo mundo inteiro, sem restrições.

Universais: tudo o que eu pudesse desejar implicaria com o amadurecimento da consciência humana e a tomada de consciência pela humanidade da necessidade duma postura ética e digna em TUDO e em TODOS os seus actos. Ora isso seria impraticável pelo que defino esta como uma pergunta despropositada, logo tola.

9) Porque criaste um blogue?

Segui a sugestão de um amigo (já não lembro quem, talvez tenham sido vários; mas quem sempre me instigou a entrar para o universo da internet foi o Tó Rosado) que me indicou esta como uma das maneiras de transmitir o resultado da minha criatividade. Continuo a acreditar que é uma óptima oportunidade de dar a conhecer a minha escrita e o meu pensamento.

10) Como te chamarias se fosses dinossauro?

Mas eu sou um dinossauro! E felizmente não me deram o nome da criatura que inventou esta pergunta idiota.

Sei bem que nunca irias pôr esta questão São, mas estavas sujeita ao questionário que já a ti foi imposto...

11) Mudavas alguma coisa no teu passado?

Mesmo que pudesse não o faria, pois não estaria aqui e agora. Se falhei foi porque o que aprendi não estava correcto. Noutro caso teria de repetir tudo de novo.

12) Qual o teu sonho?

Lokmar.

O meu sonho é conseguir recuperar as condições físicas (materiais) e psicológicas para conseguir reatar o desenvolvimento da explanação do universo de Lokmar e terminar o relato da História de Lokmar.

13) Algo que te envergonhe teres feito?

Ter, uma vez, respondido grosseiramente a ti, São. Nunca me perdoarei a mim próprio.

Muito estúpido deixar-nos levar pelo orgulho e responder com injustiça alarve a um gesto de gentileza e amizade.

14) Qual o animal que escolherias ser?

O Dragão que já sou.

Dos vários espíritos-guia que nos é dado ter, todos os meus são Dragões. Pormenores não dou em público.

15) O que nunca farias por dinheiro?

Tudo aquilo que a minha consciência dissesse que estava errado e que o meu acanhamento não permitisse. Já deixei de me obrigar a sujeitar a desconfortos que muito me prejudicam em termos de saúde (psicológica que acabam por serem somatizados em mau-estar físico) para alcançar seja o que for.

16) O que te tira do sério?

Mesquinhez.

Não suporto a ideia de alguém disposto a se safar sempre, sem escrúpulos e disposto a espezinhar tudo e todos que lhe apareçam pelo caminho.

17) Qual o teu maior orgulho pessoal?

Acreditar que ainda mantenho alguma clareza de espírito e o respeito e carinho que os meus amigos me dedicam.

Obviamente que me orgulho dos cumprimentos que recebo pelos meus trabalhos e acções.

18) Amarias que homem?

Já amo. Vários homens... e mulheres.

Não há ninguém perfeito! Essa história do príncipe ou princesa encantados não passa duma balela infantil que apenas os tolos acreditam. Se a pergunta traz implícita a suposição que seria para casar, eu ainda acredito que o casamento deve ser um acordo de interesses que terá pouco a ver com amor.

19) Com quem gostarias de te parecer?

Comigo.

Como já referi não há príncipes perfeitos e princesas perfeitas, pelo que posso apreciar algumas qualidades de uma e outra pessoa, mas não no seu todo. Cada um tem a vida que merece (sem sentido pejorativo). E a mim já me basta a minha! Não invejo os dissabores de ninguém.

20) O que mais prezas na vida?

Reconhecimento. Pois reconhecimento é admiração, respeito e dignidade.

21) O que significa amizade para ti?

É-me difícil distinguir amizade, amor e familiaridade. Todas as definições de emoções são tolas porque incompletas.

Tenho amigos que amo mais que parentes e parentes que não lhes dedico o mesmo amor que a certos amigos. Como afirma o ditado popular: a família é-nos imposta os amigos escolhemos nós e eles escolhem-nos.

22) Preferes a verdade ou a mentira piedosa?

Uma ou outra, usadas meticulosamente no momento exacto.

Uma vez escrevi “nada santifiques, tudo é sagrado”. Ainda mantenho a mesma opinião. Não devemos generalizar nem julgar no absoluto. A verdade absoluta não existe! A física já demonstrou isso, que os Sábios de outrora sabiam muito bem, sem necessitarem de enormes aceleradores de partículas. Em tudo na vida devemos proceder com prudência e sabedoria.

Não pretendo, nem nunca pretendi, ser o paradigma das virtudes humanas.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DIA DO MÉDICO

Dizia um médico português (cujo nome não me lembro agora): “Saúde é um estado passageiro que não augura nada de bom.”

Eu não sou dado a efemérides (nem o meu aniversário gosto de tornar público), mas o meu amigo Orlando, sempre atento, vai-me lembrando o que se passa pelo mundo. Hoje ele enviou-me um email com algumas homenagens a esses que nos acompanham nos maus momentos desde o nascimento até à morte (na grande maioria dos casos estando mesmo presentes em ambas as ocasiões)

Diz um médico para outro:



- Esse paciente deve ser operado imediatamente.



- O que tem ele?



- Dinheiro.


O paciente está deitado na cama, e no mesmo quarto estão também o seu médico,
o advogado, a mulher e os filhos.
Todos eles esperam pelo último suspiro, quando de repente, o paciente
senta-se, olha em volta e diz:



- "Assassinos, ladrões, ingratos, canalhas”.



Volta a deitar-se na cama e então o médico, confuso diz:



- Eu acho que ele está a melhorar.



- Porque é que diz isso, doutor? - pergunta a esposa.



- "Porque ele reconheceu-nos a todos”


Eles estavam a operar um doente. Quando de repente entra outro médico na
sala de operações e grita:



-Parem tudo! Parem o transplante. Há uma rejeição!



- Uma rejeição? Do rim, doutor? – pergunta um dos médicos.



- NÃO! Do cheque !.... O cheque não tem cobertura!


Uma mulher fez plásticas de tudo: nariz, pescoço, mãos, pele, facial, etc.
No pós-operatório o cirurgião pergunta:



- Então, senhora? Quer mais?



- Sim. Gostaria de ter os olhos maiores e mais expressivos.



- Nada é mais fácil, minha senhora. Enfermeira, traga a conta por favor!

No pós-operatório:



- Doutor, eu entendo que o senhor esteja vestido de branco, mas tanta luz porquê?



- Meu filho, eu sou São Pedro …


- Doutor o que eu tenho é grave?



- Não se preocupe. Qualquer dúvida vamos esclarecer na autópsia.

domingo, 17 de outubro de 2010

MINAS

Assistimos recentemente ao extraordinário e feliz resgate de vítimas dum acidente numa mina no Chile. Todo mundo se comoveu com o exemplar salvamento daqueles homens. Um exemplo de referência e que deveria ser aprendido como lição pelos governos de outros países e pelos proprietários de empresas de mineração.

Entretanto mais dois acidentes graves em minas ocorreram; um no Equador e outro (mais outro!) na China. E, de novo, as costumeiras inaptidão e desinteresse dos responsáveis revelou-se grosseiramente.

As causas do número de mortes ser elevado já todos sabemos. As condições de trabalho pouco se alteraram em séculos. Num mundo que se vangloria dos desenvolvimentos tecnológicos e onde já se constroem robots para servir chá e bolos com a melhor das delicadezas e simpatias, chegando mesmo a ensaiar pequenos excertos de conversação com os humanos, continuamos a ver os nossos irmãos de espécie tratados como os escravos que são.

Até quando vamos ficar espezinhados pela pata alarve dos grandes empresários, senhores de todos os direitos e a quem tudo é permitido? Até quando as nossas vidas humanas valerão menos que a ganância de lucro dessas criaturas nefandas que são os empresários e investidores? Até quando vamos assistir à cobardia desavergonhada de governantes ditos democráticos que foram eleitos pelo voto do povo e a quem juraram servir, mas que na verdade não passam de títeres nas rédeas dos senhores da finança? Até quando vamos ter de suportar esta merda de caos em que se estão a tornar as sociedades desta civilização urbana que despreza tudo que não seja o seu quotidiano mesquinho?

Chegou a hora de dar um BASTA! nesta imundice de civilização decadente. Os sinais estão por aí em todo o lado e prometem que vai ser duro. Duro a valer! Preparem-se pois a coisa só vai piorar!

Como dizia a outra: Isto já não vai às palmas, isto agora só vai às palmadas!

sábado, 16 de outubro de 2010

SUGESTÃO: TAP

Se pensa em viajar de avião prefira TAP. Só tenho as melhores referências a dar. Segurança, pontualidade e simpatia.
Este ano a TAP foi eleita a melhor companhia de aviação pela Condé Nast Traveller (magazine de viagens de luxo).

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O BÉ

Stillness

Poderia começar este texto de tantas maneiras... Poderia ter-lhe dado tantos títulos...

Venho falar do passado. São 4.30h da madrugada e acordei dum sonho em que estava no parque do Barreiro (cidade onde vivi a maior parte da minha vida) com amigos, uns que me acompanham ainda deste lado da vida e outros que já partiram para a outra margem. Venho falar de saudade... Da saudade do tempo em que fotografava e organizava exposições como o resultado do meu trabalho artístico. Trabalho a que devotava todo a minha criatividade, assim como todo o meu dinheiro, que deveria guardar para comer e vestir... mas eu insistia em dizer que queria viver para a Arte e da Arte. Vivi para a Arte, mas ela nunca me retribuiu com o sustento material. Esse sempre ficou ao encargo dos meus amigos e familiares. Sucesso?! Sim, tinha-o! Sucesso e reconhecimento, tanto público como artístico. Os convites para novas exposições repetiam-se sempre.

Um dia deixei de fotografar. Perguntaram-me porquê. Respondi que já havia feito aquilo que me tinha proposto fazer. Já havia mostrado aquilo que me tinha proposto mostrar. A partir daí seria repetir-me. Mas deixara sementes... Algumas floresceram no trabalho do meu primo Ramarago, que preferiu trocar a sua juventude por infindáveis tardes dactilografando (na época ainda não haviam computadores pessoais) os meus poemas e outros escritos também meus, assim como observando à minúcia os meus trabalhos plásticos.

Sempre quis fotografar a luz; e era a isso que me dedicava, mesmo quando passei a fotografar modelos humanos. Muito do meu trabalho fotográfico era abstracto, para que os olhos não se prendessem no imediato da forma reconhecida, levando a que a mente de quem olhava divagasse por ideias e emoções em busca dum sentido para aquilo que se apresentava perante si. Os títulos eram sempre sugestivos para mais caminhos de fuga e contemplação, que sugeriam ainda mais leituras e quase sempre debates com aqueles que me procuravam para, através dessas conversas, fazerem algo que muitos deles nunca lhes teria passado pela cabeça: discutir Arte. Pois muito do meu público era gente comum que “nada entendia de Arte”, como eles próprios diziam. Mas a Arte é para todos e não para os entendidos. A arte que é feita para os entendidos não é Arte: é snobismo!

Esta foto que hoje apresento e me sugeriu este texto/confissão é a expressão suprema do que quis fazer com a fotografia. Costumo referir-me a ela como a “minha Gioconda”. Chamei-lhe “Stillness” (uma palavra inglesa) por não ter encontrado no riquíssimo vocabulário português uma palavra que melhor exprimisse aquilo que a foto transmite. Também lhe poderia chamar de “Drág” em Djeyvox (minhas amigas Mari e Hürrem, o que vedes na expressão do menino/modelo é aquilo que outro dia eu vos tentava explicar), mas tal seria para vós o mesmo que chamar “sem título”. E porque esta foto é tão importante assim, para que eu veja nela a síntese de todo o meu trabalho em fotografia?

A luz. A luz suave, embora passando por vários cambiantes de intensidade, é o que liga todos os elementos plásticos e emocionais da foto. Ela é mais intensa no alto e sombria na base, sendo macia no rosto do modelo. A expressão tranquila do menino, que parece adormecer encostando a cabeça ao muro, mas com um leve sorriso que oscila entre uma branda felicidade meditativa e a malandrice duma criança que se prepara para fazer uma traquinice; essa expressão contrasta com o esforço das mãos que se fecham em punho contra o muro. Mas tudo isso flui com uma tranquilidade angelical.

Convido-vos a que continuem apreciando e analisando a foto a vosso bel-prazer, tirando as ilações que mais vos aprouver. Se o fizerdes será o melhor elogio que me podereis prestar.

O menino/modelo é o Bé. Tinha então uns 10 anos (foi à uns 20 ou 25 anos). Adorava ir para minha casa nas férias da escola, e passava tardes falando comigo e deixando-se fotografar, com uma paciência infinita e uma plasticidade expressiva dum modelo profissional. A essa plasticidade se deve o sucesso desta foto, pois não pensem que foi um instantâneo de sorte, em que casualmente apanhei um momento feliz e o prendi para a eternidade. Nada disso! Tudo que vêm na foto foi meticulosamente trabalhado e montado; com muito de “faz assim...”, “não tanto!”, “mais!”, “menos!”, “força!”, “suavidade!”, “sorri!”, “só sorriso, não é riso!”, estás muito tenso!”, “inclina mais um pouco...”, “não tanto!” e por fim o “está bom!” era dado pelo clique do obturador.

Um instante feito de muitos minutos de trabalho paciente e dedicado.