Mas não venho aqui enumerar os muitos encantos de Praga, senão contar um episódio que muito me divertiu durante essa estadia.
Para quem não saiba em Praga fala-se checo (uma língua eslava) e o serviço televisivo é na língua oficial do país, como é óbvio. Eu não entendo uma palavra de checo, mas ao chegar ao hotel, no fim de cada dia de deslumbrante passeio, ligava o televisor do quarto para constatar que invariavelmente era hora do noticiário. Em checo eu não entendia nada, mas... (há sempre um "mas") "presidente", "república", "sexual" e "escândalo" são termos que muito se assemelham na maioria das línguas, pelo menos as ocidentais. Fiquei curioso, pois por três dias seguidos o caso se repetia.
O guia do nosso grupo era checo, mas tinha aprendido português, para poder trabalhar como guia turístico (ele havia se formado em História, mas encontrou no turismo uma melhor fonte de receita), Ian era o nome dele (não era São? esta minha memória para nomes...) Intrigado com o caso das notícias, resolvi questionar o simpático guia sobre o que se passava. Ele sorriu com algum embaraço, perante o meu pedido de esclarecimento e tratou de, muito cordialmente, enrolar conversa, dando-lhe um rumo que me levasse a distrair do assunto.
Ora, tolo não sou e percebo quando me querem esconder algo, pelo que ainda mais o caso aguçou a minha curiosidade. Não insisti logo, para não ser indelicado, mas mais tarde voltei a confrontar o guia. Nova tentativa de evasão. E se antes o caso apenas me intrigava a mim, agora até a minha amiga São se mostrou curiosa, sobre as razões que tanto embaraçavam o simpático homem, pelo que então pude contar com o apoio dela numa investida conjunta, montando um cerco interrogatório ao pobre Ian, que outra alternativa não teve senão desbroncar-se todo e relatar o que se passava.
O caso é que o país andava em polvorosa por causa dum escândalo sexual ocorrido dentro do palácio presidencial (o palácio presidencial checo fica no complexo monumental do Castelo de Praga; um dos pátios retratado na imagem acima). Um jovem militar da guarda presidencial, havia denunciado ter sido vítima de violação sexual por parte do psicólogo do regimento. Na sequência das averiguações do caso veio a saber-se que o clínico tinha violado mais de duas dezenas de jovens militares da Guarda Presidencial.
O quê?! Um civil a violar militares?! Mas que raio de guardas eram aqueles? E em que mãos estava a segurança do presidente, quando os próprios guardas que o deveriam proteger não eram capazes de proteger o próprio... traseiro?
O caso era no mínimo caricato e eu e a São entendemos bem as razões do embaraço do guia.
2 comentários:
rrrss rrsss rrrsss
Lembro-me perfeitamente da estória , do nome já sabes que também eu não fixo, mas parece-me estar correcto.
Que saudades!!
Um abraço graaaaaandeeee.
um episódio divertido com certeza
e quero conhecer Praga com você meu amor
beijos
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