sexta-feira, 23 de setembro de 2016

DESUMANIZAR


Quando me dizem que a Bayer comprou a Monsanto por 66 mil milhões de USD eu sinto-me indignado com esta industrialização da humanidade. No princípio da revolução industrial, em pleno século XIX, até era engraçado andar em carruagens puxadas por locomotivas a vapor, com as maquinarias facilitando a vida das pessoas, tanto nas deslocações a grandes distâncias como nos modos de produção de bens. Mas agora estamos em plena industrialização da própria humanidade, em que as pessoas são vistas como parte funcional do grande esquema industrial de produção e consumo, com vista à obtenção máxima de lucros para as grandes corporativas e seus accionistas/proprietários. Somos todos peças da grande engrenagem produtiva/consumista. Para trás ficou o propósito de evolução do indivíduo guindando-se a planos mais elevados de consciência. Perante a premência da progressão do sistema civilizacional/económico o indivíduo - o ser humano - foi relegado para o plano de mera ferramenta cuja existência apenas é validada desde que integrada nos planos do monstro corporativo.

Lembra-me o caso da vil postura do todo poderoso presidente da Nestlé que afirma ser a água algo demasiado precioso para estar disponível como um bem de direito universal, pelo que deveria ser privatizada toda a água potável do planeta (claro que ele iria reclamar a patente para a sua omnipotente multi-nacional), assim cada um teria que pagar pelo seu usufruto. Isso sim, eu chamo de blasfémia. Isso sim, eu chamo de encarnação do mal a quem advoga e tenta concretizar uma monstruosidade dessas. Se a clássica escravatura foi abolida por decretos (embora não completamente na prática), agora cria-se uma nova escravatura em que o indivíduo tem que se sujeitar a todos os ditames predatórios dos grandes mandantes do empresariado e da economia.

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