O peso da religião ainda
é imenso nas nossas sociedades modernas. Até porque convém para o sistema
económico que ela tanto apoia com o seu “ganharás o pão com o suor do rosto”. Através
desse ditame imperioso o cristianismo sempre justificou todo o tipo de abusos
predatórios e esclavagistas.
Não somos máquinas – ao invés do delírio romântico
apregoado na febre da revolução industrial -
somos até providos de alma. Esse ideário de propósitos esclavagistas
assenta maravilhosamente aos interesses inescrupulosos da dominante classe
empresarial, ilibando de culpa a imposição dum modo de existência que não nos
provê verdadeiro bem-estar ou felicidade. Se alguns de nós conseguem uma
abastança material que lhes proporcione conforto, mesmo esses logo percebem que
só isso não basta. Uma alma sã não se compraz numa bem-aventurança moldada na amargura e sofrimento, sejam
próprios ou alheios.
Agostinho da Silva
afirmava ser anti-natura a condição de agente de produção do ser humano. Não
nascemos para trabalhar mas sim para criar e para isso necessitamos de nos
dedicar à ociosidade. Desse modo ele profetizava a sociedade do ócio, como o
destino da humanidade, vendo nos avanços
tecnológicos e na robótica a possibilidade de concretização desse ideal. O Homo
Divinus como entidade de vocação contemplativa e espiritual.
Imagem: "Angelus", Jean-François Millet
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