sábado, 1 de outubro de 2016

GANHARÁS O PÃO


O peso da religião ainda é imenso nas nossas sociedades modernas. Até porque convém para o sistema económico que ela tanto apoia com o seu “ganharás o pão com o suor do rosto”. Através desse ditame imperioso o cristianismo sempre justificou todo o tipo de abusos predatórios e esclavagistas.
Não somos máquinas – ao invés do delírio romântico apregoado na febre da revolução industrial -  somos até providos de alma. Esse ideário de propósitos esclavagistas assenta maravilhosamente aos interesses inescrupulosos da dominante classe empresarial, ilibando de culpa a imposição dum modo de existência que não nos provê verdadeiro bem-estar ou felicidade. Se alguns de nós conseguem uma abastança material que lhes proporcione conforto, mesmo esses logo percebem que só isso não basta. Uma alma sã não se compraz numa bem-aventurança  moldada na amargura e sofrimento, sejam próprios ou alheios.

Agostinho da Silva afirmava ser anti-natura a condição de agente de produção do ser humano. Não nascemos para trabalhar mas sim para criar e para isso necessitamos de nos dedicar à ociosidade. Desse modo ele profetizava a sociedade do ócio, como o destino da humanidade,  vendo nos avanços tecnológicos e na robótica a possibilidade de concretização desse ideal. O Homo Divinus como entidade de vocação contemplativa e espiritual.

Imagem: "Angelus", Jean-François Millet

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