De várias partes se forma um
todo.
Chama-se “Union” (União) e muito
justamente, pois é uma reunião debaixo da liderança dum produtor que eleva a
sua vontade acima de tudo e todos, manipulando o resultado final dum trabalho
que parece colectivo, mas não o é.
Porquê tantos músicos de estúdio
(20), quando estiveram presentes nas gravações TODOS os membros históricos da longa história dos Yes? A
resposta é simples; por que “Union” não é um disco dos Yes, mas um disco de
Jonathan Elias, que o produziu.
Com a editora querendo apenas um
disco duma banda, cujos músicos se encontravam em duas formações distintas da
mesma - com os vários componentes gravando por aqui e por ali e ainda com
projectos e compromissos de carreiras a solo - a tarefa não era fácil e
prestava-se à livre iniciativa dum produtor ambicioso esperando a oportunidade
para fazer grande.
Assim foi tomando forma o
projecto “Union”. O álbum que começou por ser gravado por Anderson, Bruford,
Wakeman and Howe no sul de França, acabou completamente reformulado a partir de
demos e uma lista enorme de músicos de recurso, em vários estúdios de gravação
de Nova Iorque e Los Angeles.
O resultado foi tão escandaloso
que o próprio Rick Wakeman ao ouvir o disco, depois de publicado, questionou:
“Onde estão as partes que eu toquei e gravei?” Enfim, algumas delas
simplesmente tinham sido preteridas em favor de fugazes aparições de teclistas
de estúdio, anulando assim o efeito filigrana que Wakeman e Howe produziam em
simultâneo e que tanto caracteriza as suas participações na banda. O que Elias
queria era um som mais duro e pesado, ao gosto do público americano. O requinte
melódico dos britânicos não servia os seus intentos comerciais.
Acontece o mesmo com as
execuções de Howe, num tema de sua co-autoria, em que o seu virtuosismo nas
guitarras foi ignorado e substituído pela execução de vários guitarristas de
estúdio com um som bem mais pesado e menos melodioso.
“Union” é um álbum quase
monumental e com excelentes momentos musicais, principalmente devido à grande
qualidade dos autores/compositores mas, por vezes, tem pouco a ver com a
sonoridade dos Yes. Um álbum musical a dois tempos, como se fosse a união (e na
verdade era) de dois discos distintos. Um produto híbrido.
Depois de muito procurar e ler,
consegui perceber porque, ao ouvir este disco, me sinto como atirado contra uma
parede, ao invés da sensação de jogado ao alto para planar nas alturas, tal
como quando oiço outros trabalhos da banda. Este é um muro de som áspero e
agressivo.
Com um grupo de músicos destes, quem necessita de músicos de estúdio?
3 comentários:
fantástico ...
Gostei mto qdo me mandou essa banda, querido.
O vídeo não abriu e , por favor, usa um tipo de letra maior e que se destaque mais do negro de fundo, sim?
Grato abraço, Irmão.
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