“L. D.” é de Lawrence Durrel.
Não tem mistério nenhum.
Bons os tempos em que eu
espatifava o meu salário todo em leituras e músicas. Enchia as prateleiras de
casa com livros e LPs, que depois passaram a ser CDs.
Leitor lento que sou, não
conseguia devorar tudo que comprava numa vertigem acumuladora. “É para ler
quando me aposentar” respondia quando me interrogavam se lia tudo aquilo.
Na verdade era uma acumulo
disparatado. Sempre tive um impulso doentio para guardar papeis. Sem mais
espaço nos móveis, por fim empilhava os livros no chão mesmo, subindo pelos
cantos.
Cheguei a separar o acumulado
por temas e estilos, distribuindo depois por amigos e familiares que sabia
apreciarem este ou aquele género. Só assim conseguiria espaço para continuar a
estouvada aquisição bibliotecária.
E de que serviu tal febre? De
nada! Absolutamente nada! A não ser para me esvair a carteira e viver
continuamente sem chavo. Nunca consegui fazer economias por causa desse vício
estúpido.
“Salve-se Quem Puder” veio num
grupo eclético, como muitos outros títulos. Eram contos - meu modelo favorito,
pois esses eu tinha mais garantias de conseguir chegar ao fim. Em geral eu
abandono a leitura a meio da obra, sem me preocupar muito com o desenlace da
mesma. O que me fascina é a palavra e o uso que o escritor faz dela. As
histórias eu mesmo as posso inventar a meu jeito e bel prazer.
Tenho uma memória mais emocional
que factual. Lembro com facilidade as emoções relacionadas com os eventos. Já o
mesmo não posso dizer dos pormenores dos factos. Assim não me lembro bem dos
conteúdos e tema dos contos desse volume. Tão pouco lembro se li todos. Apenas recordo
que aquilo que li se desenrolava algures no norte de África. Mas não esqueço as
gargalhadas, as deliciosas gargalhadas. Ah, como eu ri com puro gosto! A
hilaridade era de tal ordem que eu tinha de parar a leitura para me recompor do
riso e aprimorar os olhos (limpando-os das lágrimas), de modo a retornar ao
mergulho nas letras e na narrativa.
2 comentários:
essa eu não sabia... MD com impulso de acumular " tralhas "... rs
Não foi o primeiro livro que li dele e foi uma agradabilíssima surpresa, porque - além da qualidade da escrita - é hilariante!
Desgraçadamente, nãos ei onde o tenho, porque é daqueles raríssimos livros que releria.
Bons sonhos
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