domingo, 9 de junho de 2013

SOU EU



“Uma imagem vale mil palavras.”

A imagem da vida por estas coordenadas. Até uma simples campainha de porta tem de estar protegida por uma grade, trancada a cadeado. C’est la vie à Brasil!

O que será mais precioso? Será que ainda resta algum reconhecimento de valores? Muitas questões e poucas respostas.

É isso! Este meu texto também se poderia chamar: Respostas. Tal como nas situações mais banais, as grandes questões da vida recebem o mesmo tipo de respostas: inapropriadas e inconclusivas.

- Quem é?
- Sou eu!
É a resposta mais comum quando alguém toca à campainha da porta e lá dentro de casa, alguém tenta certificar-se sobre a identidade da pessoa que pretende adentrar. Mas claro que é um “eu”. Todos somos um “EU”, cada um de nós. Só que o que se pretende saber é o nome – A IDENTIDADE – desse “eu”. Será assim tão difícil de entender?

Não faz muita diferença das respostas demagógicas que os políticos dão para tentar empurrar, com a barriga, as péssimas condições de existência dos cidadãos. Só que a mesma dormência letárgica que o povo apresenta perante esse discurso falacioso, é a mesma que leva alguém a responder “sou eu” quando o que o outro pretende saber é em que se define esse eu.

“Ah! Não tem nada a ver!” me dirão. Porque não é a mesma coisa.

Eu lhes mostro como é a mesma coisa: enfiem dois dedos num certo orifício anatómico ao fundo das costas e depois, de os deixarem lá algum tempo, retirem-nos e cheirem um de cada vez. Cheiram o mesmo né? Ora aí está como é o mesmo!

O mesmo é a indiferença. O mesmo é a apatia. O mesmo é seguir na mesma rotina maquinal e acéfala, sem se dar conta que o dito “eu” vai perdendo sentido e passando a ser uma circunstância amorfa caminhando por uma existência sem propósito. Sim, talvez seja por isso que esse “eu” não tenha necessidade de ter um nome, pois em nada se diferenciará dos milhões de “eus” que se resignam a um estar-sem-ser, num mundo idealizado para apenas alguns “serem”.

Então porque prover e  garantir segurança a não-eus? Deverá ser essa a macabra filosofia com que se justificarão os governos e os criminosos, para a ausência de valores e de ética.

- Quem é?
- Sou eu!
- Aqui também sou eu! Eu quero saber é o nome desse EU aí!!! Será muito difícil dizeres a porra do teu nome??? Ou preferes mesmo ficar aí, secando à porta?

2 comentários:

Serginho Tavares disse...

Me irrita essas pessoas que não se identificam, que não se assumem, que não tomam posicionamentos...

mム尺goん disse...

para um distraído
não existe errado
tampouco o certo
apenas vidros
:
[contém 1 beijo]