Meu Irmão-de-Alma, o Luis, deu-me opção de oferta de aniversário, um ingresso para o espectáculo dos Mercury Rev em Lisboa. Eu optei pelos Sigur Rós.
E lá estivemos os dois hoje, 11 de Novembro, assistindo ao show dos quatro islandeses no Campo Pequeno.
Final de tarde outonal, já com a noite vestindo tudo de sombras e negro. A cidade retirava-se apressada para as periferias, após mais um dia de trabalho cumprido.
Eu chegava ao monumental edifício, iluminado pelas luzes feéricas duma urbe moderna e capitalista.
Levava comigo apenas a expectativa de assistir a mais um espectáculo musical. Tão somente.
Após várias vindas da banda a Portugal era a primeira vez que eu concretizava a vontade de os ver tocando ao vivo.
O público ia chegando sem pressa, tranquilo. Dentro do vasto recinto a atmosfera ia-se moldando para o ritual sonoro que se aproximava. E quando tudo se apagou, menos umas velas acesas e dispersas pelo palco...
A música feita magia!
Num palco vestido de negro quatro criaturas encarnando a música, faziam de cada nota, de cada acorde uma metamorfose sonora encantatória, desabrochando perante nós em deleite e pureza.
A voz de falsete pueril, com o seu timbre tão peculiar, de Jónsi Bigirsson, sussurrava e entoava frases numa língua imcompreensível, mas que todos entendiam. Uma voz familiar, por todos identificada, de tão desbragadamente infantil; a voz da criança adormecida dentro de nós.
Voz, mais que cantando, dançando em enleios planantes com as enebriantes sonoridades que Jónsi libertava da sua guitarra eléctrica, ao tocá-la com um arco de violoncelo (o seu estilo muito pessoal).
O cenário enchia-se de cor e formas. Sombras e imagens diluídas na intenção de mostrar sem desvendar; ou o inverso.
Poderia ficar aqui desfiando linhas de prosa ou verso, em longos arroubos de inspiração, mas nunca conseguiria descrever o êxtase de tão singular ritual.
Orgástico! Espiritualmente orgástico!
Bem-hajas, bom Luis, por estes momentos inesquecíveis.
6 comentários:
Nem mais. Foi isso tudo e mais o que as palavras não podem descrever. Obrigado pela companhia. Foi a certa no espectáculo certo. Abraço.
ManDrag
Olha, não sei escrever futilidades sobretudo quando falo para uma pessoa tão plena, tão feita sentimento das coisas.
Não conheço a banda mas fico contente por saber que para ti foi um espectáculo muito especial.
Abraço
Slave! Luis
Pois é... as palavras não conseguem exprimir um espectáculo daqueles. É um forma diferente de fazer música e de exprimir musicalmente a voz mais íntima da alma.
E sim, gostei de lá ter estado contigo.
Abraço.
Slautas!
Salve! Minha querida Lídia
Mas tu nunca falas futilidades. E mesmo falar de música pode não ser uma futilidade. Pelo menos de algumas experiências musicais.
Não conheces a banda, mas vais ficar a conhecer, pois me encarregarei disso.
Abraço.
Salutas!
Fico contente!
Bom fim de semana.
Salve! São
Bom fim de semana tb.
Abraço.
Salutas!
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