sexta-feira, 20 de março de 2009

RUN FOR LIFE

Hoje dois amigos me enviaram um texto por email, cuja autoria estava atribuída ao jornalista João Pereira Coutinho  e ao qual não consegui ficar indiferente. Irei transcrevê-lo neste meu post, violando assim as minhas próprias regras de publicação, mas entendi ser necessário.

"A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição."

Isto me fez lembrar um documentário televisivo, a que assisti recentemente, sobre crianças sobre-dotadas e onde uma menina com grande aptidão para tocar piano, foi forçada a abdicar definitivamente do manuseio do seu instrumentos favorito, devido às constantes tendinites e consequentes deformações nos pulsos causadas pelos treinos intensivos a que os seus pais a estimulavam em vista a torná-la numa executante de sucesso.
Mas voltando ao texto de João Pereira Coutinho:

"Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito.
É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho."

Entretanto vamos nos esquecendo de viver. Esquecemo-nos de olhar em redor e desfrutar de tudo que de bom nos rodeia, e de contribuir com a nossa solidariedade para rectificar o que de mal encontramos.
Mas voltando a João Pereira Coutinho:

"Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos mais desesperamos."

"A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

Que mais acrescentar? Creio que ele disse tudo.

2 comentários:

Serginho Tavares disse...

realmente meu amor, vivemos em uma sociedade mega competitiva em quem não se enquadra ou quem quer ter seu momento de fuga é severamente punido!

anjo disse...

às vezes ainda há crónicas que nos lembram que queremos mais e que fechar os sonhos pode significar sonhar________________________