A jovem aborda a faixa tracejada para peões (pedestres, br), riscada sobre uma lomba, com o intuito de motivar os automobilistas a pararem, respeitando a obrigatoriedade de darem prioridade aos peões, numa via de circulação interna do parque de estacionamento dum grande shopping. Ela avança, sem notar que pela sua esquerda um enorme mono-volume continua vindo sobre ela, em desrespeito pela regra do código que o obriga a parar antes da faixa sinalizada e dar passagem a quem está atravessando. A moça recebe uma pancada, ao ser atingida pela viatura e cambaleia, mas consegue manter-se em pé – provavelmente porque não usava aqueles atentados à saúde feminina, que são os enormes saltos altos. Atordoada ela sai de frente do carro e pede desculpa ao motorista.
DESCULPA?! Então ela acaba de ser agredida, atropelada, violentada no seu direito de transeunte ao cumprir o que a lei lhe pede (peão deve atravessar na faixa sinalizada, onde ganha prioridade sobre os veículos em circulação numa via condicionada e de velocidade limitada) e ainda acha que tem de pedir desculpa? A besta, que ia ao volante, é que deveria ter saído da viatura e assegurar-se se a vítima, da sua imprudência e falta de educação cívica, estava em perfeitas condições físicas e não havia sofrido algum dano ou ferimento. A besta que conduzia a viatura é que tinha muitas desculpas a pedir! Mas a besta nada disso fez. Limitou-se a retomar a marcha e seguir em frente. E continuará a não dar prioridade quando deveria fazê-lo.
Esta atitude de submissão das pessoas à prepotência abusiva dos condutores, tem levado a uma cada vez maior perigosidade nas estradas e vias públicas do Brasil, onde em maior parte dos estados e cidades o transeunte é olhado como um ser inferior e sem direitos. Pelos motoristas, os transeuntes são olhados apenas como coisas que saem à rua para estorvar a sua ânsia de pisar o acelerador e se declararem senhores absolutos da estrada. Dir-se-ia que as mentalidades não mudaram muito desde a publicação da Lei Áurea - quem não tem carro não passa dum miserável, um indigente sem posses nem estatuto: um escravo, ou seja, uma coisa sem direitos.
Nota: O caso ocorreu na passagem de peões (pedestres, br), que atravessa as vias internas do parque de estacionamento dos clientes, ligando à paragem de transportes públicos que servem o Shopping Recife (em Boa viagem, Recife).
6 comentários:
isto está por toda parte ... até qdo não sei ...
Muita sorte em não ser insultada!!
Um abraço...e vê se apareces, sim?
situação lamentável
lamentável este fato...
chegamos ao nível de pedir desculpa aos agressores?
socorro!
Aqui no Rio, mesmo com sinal fechado pros carros, ai de você se atravessar sem sair correndo olhando pros dois lados... não sobra nem o pó.
Um absurdo que tais coisas ainda aconteçam num país que se acha parte das economias emergentes do mundo! No entanto, ainda estamos no tempo das cavernas em muitos aspectos no Brasil! Uma lástima realmente!
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