Numa Europa feudal, Portugal
inventa-se como a primeira nação europeia com identidade cultural e nacional
próprias, e fronteiras definidas. Sim, Portugal é o país da Europa com
fronteiras definidas à mais tempo. Eu diria até, a nação europeia mais antiga.
Pela mão firme e engenhosa do
jovem conde D. Afonso Henriques (D. Afonso I de Portugal) é estabelecido um
novo reino em que se antevê já uma modernidade administrativa conducente ao fim
do feudalismo. D. Afonso não aceita submeter-se à tradição de vassalagem sobre
a qual era construído o feudalismo e no seu levantamento contra o rei de Leão e
Castela é apoiado pela burguesia do Condado Portucalense, futuro Reino de
Portugal.
A burguesia portuguesa acompanha
D. Afonso Henriques na sua confrontação ao sistema feudal vigente, permanecendo
ao seu lado nas suas pretensões de centralização do poder territorial nas mãos
do rei. Assim, desde o seu início e ao longo da história portuguesa, o
envolvimento da burguesia revela-se determinante na delineação dos rumos do
país.
Numa Europa rural (pois o
feudalismo assenta nos direitos da posse da terra) Portugal afirma-se como uma
emergente potencia mercantil, o que induz à sua vocação de expansionismo
ultramarino.
A burguesia apresenta-se ao lado
de D. Afonso Henriques, apoiando-o nas disputas que este manteve com os seus
vizinhos e rivais na consolidação da independência nacional. A burguesia esteve
ao lado do Mestre de Avis no levantamento pela autonomia portuguesa contra os
interesses castelhanos. A burguesia acompanhou o projecto de expansão mercantil
além-mar e, de novo, se levantou contra os interesses de Espanha, quando D.
João de Bragança liderou a Restauração. Também foi a burguesia que fortaleceu o
movimento constitucionalista, que de novo poria Portugal entre as nações da
modernidade.
Foi junto da burguesia que o
visionário e modernista Marquês de Pombal encontrou apoio e terreno fértil para
as suas ideias e medidas de modernização económica, duma nação decadente e estagnada
num comodismo confrangedor.
A despeito da arrogância da inapta fidalguia portuguesa, a burguesia lusa sempre esteve envolvida nos avanços significativos da nação, rebocando o país para uma modernidade contemporizadora.
3 comentários:
Não me parece que a burguesia tenha assim tanta importância na primeira dinastia.
Até porque o sistema feudal continuou Afi«onso a praticá-lo.
E Nuno Álvares Pereira, não se sentindo(ainda!!)devidamente recompensado pelo Mestre de Avis, ameaçou ir prestar os seus serviços a outro senhor, isto é, ao rei de Castela!!
Só com a coroação de D. João I é que a burguesia começou a ter força.
Um abraço grande.
Gostei deste banho de informação cultural ... obrigado
bjão
Excelente post amigo ManDrag! Uma aula sobre parte da historia portuguesa! Um comentário a parte: Semana passada houve um festival de cinema promovido entre as Embaixadas do Brasil e de Portugal, numa cidade universitaria chamada Eskisehir (1 hora e meia de trem de Ancara, compareci a abertura do festival, que apresentou o filme "Jose e Pilar", documentário sobre parte da vida de José Saramago. Filme muito bom! Lembrei de ti meu amigo. Um abraço.
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