Sou eu! O português, o gringo
(como aqui chamam aos estrangeiros), o forasteiro. Exibido como uma
curiosidade, por alguns com arrogante escárnio disfarçado, por outros como
troféu chique invejado, e também como uma futilidade charmosa, para ser logo
esquecido e ignorado... descartado. Num meio de gente insegura e receosa,
qualquer anomalia fora do padrão rígido determinado pelos tabus, é motivo de
desconfiança. Grande desconfiança.
Saudado e acolhido com uma
afabilidade imediata (mas não espontânea), essa mesma se esvai na primeira
oportunidade de ser confrontado com um passado histórico mal aprendido e,
interpretado com rancores seculares, alimentados por uma ignorância ostensiva.
Não tenho nome. Como gringo não
mereço. Sou designado pela minha proveniência: “o português”. É mais fácil,
para manter distâncias. Para me manter fora da esfera de intimidades. Afinal
estrangeiro é um corpo estranho, que deve ser mantido sob observação e
escrutínio constante. Tudo que faça de correcto “é porque estou assimilando a
influência do meio em que agora vivo”, enquanto tudo que faça de errado “é a
prova de que carrego em mim tudo o que de desprezível o colonizador histórico é
acusado”.
O macaquinho do circo, que tem que ser domado e amestrado. “Para viveres cá tens de aprender a ser como nós!” Ou seja, perder a minha identidade, a minha individualidade. É, e continuará assim.
1 comentário:
Você está acima disso, meu amigo. Tenho pena de quem não sabe desfrutar de seu conhecimento por puro orgulho !
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