domingo, 15 de novembro de 2015

AGIR OU NÃO AGIR


Há catástrofes, acidentes e solidariedades. Há mobilização popular em torno de vítimas e sobreviventes. Mas o que se passa com a situação dos recentes atentados terroristas em Paris vai além do simples episódio funesto de quem por ele foi directamente atingido e a solidariedade daqueles que se compadecem com o infortúnio alheio. O hediondo episódio de 13 de Novembro passado, é mais um lance duma estratégia vil de provocar um conflito global de proporções inéditas na vil histórica bélica da humanidade. O caso aqui não é tão somente o número de vítimas ou a localização geográfica do hediondo evento, mas a vontade deliberada de provocar e atiçar males e calamidades maiores.
Toda a estratégia de actuação desse grupo criminoso é a deliberada provocação dum conflito bélico em nome duma pseudo-guerra inter-civilizacional-religiosa. Mas religião é o que menos está em questão em toda esta infâmia. O mais hediondo em todo este processo demoníaco é a mesquinhez pura de infligir dor e sofrimento pelo simples prazer de provocar terror; puro e simples terror. 
Veja-se como todos os métodos e alvos usados e visados em seus actos, são propositadamente escolhidos para ofender e ferir o que de mais sagrado e elementar há na filosofia de harmonia, liberdade e respeito pela vida em que se alicerça a civilização actual. Princípios tão veementemente defendidos pelas grandes nações relevantes da actualidade, de Norte a Sul e de Leste a Oeste. Note-se: estádio onde decorria um jogo de futebol, uma sala de espectáculos onde decorria um show musical, restaurantes e bares a esmo, onde as populações desfrutavam do lazer após uma semana de trabalho, tudo referências da cultura e modo de vida comuns à nossa civilização contemporânea, estes no caso recente em Paris; mas também sítios históricos de referência global, que testemunham o evoluir da civilização humana; execuções sumárias por decapitação sanguinária; defenestração, desde o topo dos prédios mais altos, de homossexuais; tudo exibido ostensivamente em vídeos distribuídos por todos os meios de comunicação, para se propagarem e causarem o maior efeito de repulsa e horror; além de outros procedimentos quotidianos repugnantes como o aliciamento de jovens do sexo feminino que são depois sequestradas e forçadas à escravidão sexual) Revelam apenas o imundo desejo de provocar um incomensurável e gratuito conflito global, para depois ficar desfrutando do vil espectáculo do sangue e miséria avassalando tudo e todos.
É isso que leva todos a aderirem a gestos simbólicos (como troca de fotos nos avatares dos perfis e partilha de apelos solidários) nas redes sociais da internet. A rejeição dum clima de terror e da ameaça duma guerra estúpida e global. A questão não é a identificação com os franceses, nigerianos, filipinos ou paquistaneses, sejam quem forem... mas o reconhecimento duma ameaça explícita e contínua ao nosso modo de vida e princípios morais em que baseamos a harmonia do nosso existir e coexistir, pacífico e fraterno.


1 comentário:

Wildeman disse...

A era dos bárbaros voltou.