quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

LINDEMBERG

Um rapaz de 22 anos condenou-se a si próprio à privação de liberdade ao ter morto a sua namorada de 15 anos, por não aceitar que ela tivesse terminado o namoro. Agora ele tem 25 anos e ouviu a sentença de 98 anos de reclusão.

Todos condenámos o Lindemberg ao cárcere. Um caso perfeitamente evitável se houvesse uma verdadeira educação de base, que ensinasse aos nossos jovens que uma paixão por alguém não é tudo na vida. Assim se perderam duas vidas: a da vítima e a do assassino.

Numa sociedade machista, com altos níveis de iliteracia e com forçados padrões dogmáticos de comportamento competitivo e prepotente, tais casos são, infelizmente, demasiado comuns. Abusos sobre outrem, perpetrados tanto por adultos como por jovens, são o reflexo duma sociedade mal-estruturada; porque assente numa base de preconceitos que não levam em conta o respeito da dignidade e liberdade de cada um.

Lindemberg cometeu um crime vil, hediondo, que todos assistiram em directo, no voyeurismo carnavalesco dos média que incitam e alimentam a avidez do público pelo escândalo e o excesso. Foi um festival de degradação e horrores que todos quiseram desfrutar, em directo, no conforto dos seus sofás; tanto durante o julgamento do assassino, como, o haviam feito antes, durante a tortura do cárcere da vítima e sua consequente execução.

Eloá morreu aos 15 anos numa patética demonstração de irresponsabilidade, de todos os envolvidos no seu longo e fatídico sequestro. Tanto do seu estouvado assassino (embriagado pelo sucesso da parafernália mediática e policial, montada ao seu redor) como dos agentes negociadores que tão atabalhoadamente conduziram o processo de redenção; tendo chegado mesmo a pôr em risco a vida duma refém anteriormente já libertada.

O espectáculo da popularidade agravou a pena. Tanto pelo desatino que provocou no jovem (vangloriado pela exposição e mobilização mediática) aquando do desastroso evento que culminou no crime, quanto pelo cariz de oportunidade dos julgadores de tornarem o caso exemplar pela exposição.

Um jovem inexperiente e desorientado (além de mal aconselhado) foi sentenciado com penas máximas, quando as prisões estão cheias e outras vezes não (quando se trata de criminosos oriundos de classe alta e com avultados meios financeiros para se esquivar das garras da lei), de casos muito mais pérfidos e cujos praticantes receberam punições mais brandas.

E ainda há quem acredite que a justiça é cega?

Lindemberg Alves, de 25 anos, foi condenado a 98 anos e 10 meses de prisão, pela morte da ex-namorada de 15 anos, entre outros crimes decorridos na mesma circunstância; um episódio de má memória quando ele tinha 22 anos.

3 comentários:

ManDrag disse...

Acredito que se todo este triste caso não tivesse virado espectáculo televisivo em directo, o julgamento e a sentença teriam sido muito diferentes.

São disse...

A educação tem muita força, mas não tanta como a que julgamos. Infelizmente.

Beijinhos, Amigo.

Serginho Tavares disse...

ele mereceu a pena, mas foi vítima de todo o escarcéu da mídia horrenda e adorou isto!