A sexualidade é ainda o grande tabu da humanidade.
Um padre católico ugandês (assessor do governo) apoia (quanto a mim instigou) o governo do Uganda na sua determinação de criar uma lei que pune a prática da homossexualidade com penas pesadas que podem ir até à pena de morte.
No Brasil, na Faculdade de Farmácia da Universidade de São Paulo, estudantes publicam um opúsculo (O Parasita) com um artigo incitando à perseguição e violência sobre os homossexuais. Este tipo de expressão dum pensamento tacanho e chauvinista é chocante quando expresso por uma elite informada e esclarecida, que constituirá o futuro corpo de formação de opinião pública dum pais moderno e influente.
Os valores velhos e obsoletos caem por terra, desacreditados e incongruentes num mundo que se revolve em busca de novos rumos. Mas se no geral se aspira por evolução e avanço, individualmente os medos crescem. As massas não estão preparadas para renovações; nem grandes nem pequenas. Tentam encaixar o novo nos seus velhos modos de perceber e fazer as coisas.
A vivência do novo, do desconhecido, é um drama aterrorizante. E tal pavor leva ao refúgio no velho modo de agir e compreender; uma tentativa infantil de procurar refúgio debaixo das saias (por mais rançosas e pestilentas que estejam) da mãe Tradição.
Mas não só a homossexualidade é um tabu imenso. A sexualidade em geral é um enorme tabu para a humanidade; principalmente para as sociedades inspiradas e influenciadas pelas religiões do Livro (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo). Socialmente a sexualidade humana foi utilizada como veículo de estratificação e discriminação, o que não deixa de ser mais uma das vergonhosas aberrações da visão anti-natura que a humanidade construiu de si mesma.
O infame Pecado Original do Livro (a Bíblia), em que a sedução é diabolizada, foi criado para providenciar o desenvolvimento daninho do complexo de culpa, que connosco carregamos, por uma emoção das mais puras e espontâneas da expressão da nossa libido. A sexualidade faz parte da nossa identidade natural. Qualquer tentativa de a regular e limitar é um atentado castrador que causa profundos transtornos na expressão individual e no equilíbrio emocional.
A sexualidade é o desejo instigador da vontade, que motiva o empreendimento e a concretização da criatividade; a criação. Atenção que falei em criação e não em reprodução! Limitar a sexualidade à reprodução é sufocar o mais importante motor de criatividade. É através da criação que o indivíduo se afirma como ser superior e independente. Daí a necessidade - por parte dos poderosos e governantes - de controlar a sexualidade para poder dominar e amputar a individualidade.
4 comentários:
um belíssimo e bem contextualizado texto ... quase um tratado ... compartilhando pois merece ser lido por muitos ...
a ilustração é fantástica ...
bjão
A ilustração está fabulosa e o texto é uma análise lúcida e inteligente. Aliás como é teu hábito.
Mas não podemos esquecer que o preconceito e estupidez residem também na comunidade homossexual.
Só assim se entende a agressão pública,gratuita e sem sentido efectuada por um gay desmiolado a uma mulher que considerou feia.
Essa criatura se for molestada por ser homossexual só terá o que merece e não lamento nada do que lhe acontecer: pode ser que assim aprenda a respeitar, já que justificademente exige que o respeitem.
Para ti, que a Páscoa tenha nuita esperança e renovação,Irmão.
Man Drag, excelente reflexão. Eu acho que o povo só opta por ser ignorante ou informado qdo convém.
Simplesmente fantástico...
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