Acordar tardio; já no início da tarde.
Habitual fastio de tudo; de comida, de tarefas, de entertenimentos, ..., de tudo.
O Sol alto e descoberto de Verão, era um ferrete impiedoso e torturante.
Primeiro o deambular pela casa, procurando nada. Depois o sentar na borda da cama, queixo apoiado nas palmas das mãos em concha e os cotovelos assentes no joelhos. O olhar fitando a parede vazia em frente.
O tempo continua no arrastar dos ponteiros dos relógios. A vida prossegue sem nossa intervenção. Sabemos que lá fora o mundo existe nos seus vários ritmos e funções. A minha função; a de me manter vivo.
Ligo o macbook e dedico-me a organizar ficheiros de música. Os meus queridos ficheiros musicais. O oxigénio que me mantém vivo e desperto; o sangue arterial que me dá ânimo para continuar. O Manto de Arminho, que me resguarda da vida gélida minha madrasta.
Um convite arreda-me do meu refúgio: vamos ao supermercado! Depois do sol escaldante da tarde estival, está frio lá dentro. Andamos para trás e diante, entre filas de expositores de mercearias. Os olhares alheios atingem-me; encolho-me atrás dos meus óculos escuros. Impaciento-me por sair dali.
De regresso ao lar, o arrumar das compras e o preparar lesto para uma surtida ao cinema.
No automóvel encolho-me no assento traseiro, escudado pelos meus óculos escuros e os auscultadores onde se desfiam as notas do meu encantamento. A paisagem desfila lá fora, espiada através dos vidros; aglomerados urbanos, seguidos de aglomerados urbanos, alguns intervalados de baldios.
Tentamos entrever entre os transeuntos algum exemplar que nos dê alguma sensação de deleite fugaz. O mesmo se repetindo no centro comercial, o destino da nossa curta viagem.
O comprar os bilhetes para a sessão de cinema, antes que esgote. O deambular pelos corredores amplos, ladeados de lojas. O entrar numa ou outra para apreciar alguns artigos de interesse, ou mesmo até para comprar.
Hora de jantar. A escolha do restaurante; fast food. Abstenho-me de fazer sugestões e aceito a decisão alheia. É-me indiferente o tipo de comida; serve apenas para nutrir o corpo e mantê-lo vivo.
À saída do filme encontro um velho amigo-colega de escola. Conversa de circunstância e uma tentativa de evitar alongar-me em detalhes sobre a minha presente inexistência. Curto o encontro, rápidas as despedidas. A caminho do automóvel para regressarmos a casa, sou assolado pela inevitável avalanche de memórias duma juventude já muito longínqua no tempo.
Ao sair do imenso edifício... o doce encontro com o negro ar da noite. Cúmplice tranquilidade.
Regressados a casa, pude então retirar os resguardos e baixar a guarda.
O ataque foi fulminante! Verguei-me sob o peso devastador de mais uma crise de ansiedade. Prostrado, fustigado por tremores convulsivos, chorei. Porquê? Não tem resposta.
Minutos depois, cansado, procurava recuperar uma normalidade exterior, suficientemente tranquilizadora para os que partilham do meu quotidiano.
5 comentários:
Meu irmão-de-coração, como custa saber-te assim, e sem poder fazer algo significativo que te ajude!!!
Um enorme abraço.
Save! São
É o meu Caminho. E terei de ir aprendendo a viver comigo.
Bem hajas, por tudo, minha querida Irmã! Que os Céus te continuem abençoando!
Salutas!
ManDrag
O ócio de mais um dia que passa e a promessa de um amanhã completamente novo.
Um abraço amigo.
Salve! Paulo
Prazer ver-te por aqui. Tal como nos meus outros blogs, este é casa tua também. Dispõe!
Abraço amigo.
Salutas!
MUITO bonito ainda que triste...
Nem sei o que escrever.
Direi por agora que a infelicidade é um céu que todos sabemos conhecer...
Um abraço grande!!!
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