A tarde estava quente e o sol
reinava alto e estourava de calor. As ruas da cidade velha estavam desertas. Abandonados
e trocados, por caixotes habitacionais incaracterísticos na periferia, os
edifícios do centro histórico esperavam a misericórdia duma politica de
revitalização urbana que os trouxesse à vida. E assim, entre fantasmas
históricos de alvenaria, prosseguíamos rumo ao nosso destino.
Falhei na escolha do percurso,
pelo que tivemos que atalhar caminho por uma transversal, igualmente deserta. À
excepção dum vulto deitado na beira da estrada, na sombra dum prédio. Era um
homem não-velho, embora gasto e carcomido pelo tempo, como todos os que não têm
tecto e subsistem pelas ruas, imundos e assustadores. Jazia semi-nu e
adormecido. A única coisa que vestia eram uns calções de ganga desabotoados e
de onde se expunha o pénis que ele segurava com uma das mãos.
Passámos. Perplexo e divertido,
perguntei ao meu companheiro: - Viste?
E assim se manda a História para
o cara...!
5 comentários:
"Era um homem não-velho, embora gasto e carcomido pelo tempo"
"Vistes?" Poucos são os que enxergam.
-Sim, eu vi e apesar de divertida a cena, perplexo estava em saber que aquilo era real.
tenso!
Os sem-abrigo são invísiveis em demasia.
Abraçso .
Mais uma vez enriqueci meu vocabulário!
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