sábado, 27 de agosto de 2011

À BEIRA DO ABISMO


17 anos, vogava pela vida esperando um rumo. Sempre assim fora e parece continuar a ser. Afinal o modo como nos posicionamos na vida espelha o nosso caracter. E esperar, ter fé, faz parte do meu caracter religioso, embora abomine o sectarismo dogmático do exclusivismo das religiões.

Tinham-me oferecido uma aparelhagem de som, que estava na sala de estar. Era chegada a hora de transmitirem o programa que passava Rock progressivo e o meu pai permanecia na sala lendo o jornal. Nervosamente e como ele não saísse de lá, avancei e anunciei-lhe respeitosa, mas timidamente, que iria escutar o programa. Ele assentiu e continuou lendo o jornal. Liguei a aparelhagem e sentei-me. Com as indecisões havia acabado por me atrasar e a música já soava... Mas que era aquilo??? Um som sincopado, harmonias irisadas, vocais desdobrados em coros que serviam de leque emplumado a uma voz solo aguda, andrógina, mas decididamente com proveniência masculina, solos, de guitarra e teclados, explodindo em corredeiras assimétricas por escalas fantásticas... a meio uma longa bridge de calmaria, que lembrava brisas entorpecentes subindo das profundezas duma alma cósmica, para logo tudo regressar numa correria liderada por um possante órgão egrégio, terminando num refrescante chilreio de aves paradisíacas num jardim refrescado com o som de cascatas cristalinas (depois vim a saber que afinal era como abria, também).
A composição musical fora extensa e o programa logo terminou sem que o apresentador tivesse anunciado o título da canção. Desliguei o rádio e voltei atordoado para o meu quarto, intrigado por saber quem seriam os executantes de tal maravilha sonora. Eu ainda me iniciava no mundo do Rock sinfónico, como gostávamos de lhe chamar, pelo que me era difícil ainda reconhecer padrões. Mas sabia que voltaria a escutar a mesma música e então ficaria a saber quem era o autor.

E assim foi. O grupo musical dava pelo nome de Yes e o tema que tanto me maravilhara e ainda me maravilha, "Close To The Edge".


Podem assistir no vídeo a uma interpretação ao vivo deste antológico tema desse Grande agrupamento/projecto musical que dá pelo nome de YES. (Dura cerca de 18 minutos, mas como é fim de semana...) Os músicos: Alan White, bateria; Steve Howie, guitarra; Chris Squire, baixo; Jon Anderson, voz; e o iridescente Rick Wakeman nos teclados.

3 comentários:

Serginho Tavares disse...

Seu belíssimo texto me colocou dentro da atmosfera que a música transmite!
Belíssima e o show é mágico!

Beijos meu amor e obrigado por mais este presente!

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Fiquei sem palavras para traduzir tudo o q senti com o texto e coma a magia do show.

Parabéns Man ... sua sensibilidade extrapola qualquer limite ...

bjão

Anónimo disse...

Estou escutando enquanto comento. E confesso que estou gostando! :)
Abraços,amigo.