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Minha laranja amarga e doce
Meu poema feito de gomos de saudade
Minha pena pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura
Minha ousadia, meu galope, minha rédia,
Meu potro doido, minha chama,
Minha réstia de luz intensa, de voz aberta
Minha denúncia do que pensa
Do que sente a gente certa
Em ti respiro, em ti eu provo
Por ti consigo esta força que de novo
Em ti persigo, em ti percorro
Cavalo à solta pela margem do teu corpo
Minha alegria, minha amargura,
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha laranja amarga e doce
Minha espada, meu poema feito de dois gumes
Tudo ou nada
Por ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sossego
À desfilada no meu peito
Por isso digo canção castigo
Amêndoa, travo, corpo, alma
Amante, amigo
Por isso canto, por isso digo
Alpendre, casa, cama, arca do meu trigo
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura
Mais uma vez a propaganda falaciosa e a democracia cínica ludibriaram o povo em proveito de interesses obscuros e neo-colonialistas. A emancipação dos povos e seu desenvolvimento foram de novo esmagados pela traição do poder centralizador e interesses corporativos e empresariais.
A Europa escorrega, tropeça, cambaleia, como um bêbado que já esqueceu à muito o que é estar sóbrio. A crise económica alastra como uma pandemia de gripe e ameaça deitar por terra o diamante oco esculpido em orgulho e ambição, que foi um projecto europeu sempre adiado e condenado, por já levar no seu ventre as vozes da discórdia daqueles que quiseram estar sem ser.
Os EUA andam aos tombos, a reboque da alcateia que soltaram e que não mais conseguiram controlar. Cão que devora a mão que lhe dá de comer. Continuam apostando no cavalo errado e condenando o alazão ao açougue. Pela trela daqueles que dizem proteger vão acicatando ódios aqui e além para manter os lucros da sua imensa industria de guerra em alta.
Rússia e China continuam do mesmo lado, negando que estejam. E ameaçando pegar em armas por dá cá aquela palha, correspondendo do modo previsto ao sinal previamente combinado por baixo das obscuras e pútridas mesas duma diplomacia de enganar tolos.
Pelo meio aparecem uns palhaços contratados na esquina das esmolas, para atiçarem o povo besta a deitar fogo à palha ressequida.
E assim vai o mundo caminhando no fio da navalha, com a promessa duma salvação que nunca o será, pois os loucos podem até ser felizes, mas os tolos é que nunca o serão.
Vamos então passear no shopping, pois o fim de semana está aí!
Eu moro numa cidade do litoral brasileiro onde chove todas as semanas, nem que seja uma chuva rápida numa noite esquecida. No entanto anda sempre todo mundo a arrepelar os cabelos com a falta de água nas torneiras. E os que podem dar-se ao luxo, pagam preços exorbitantes por um carregamento de água potável entregue por um camião cisterna (localmente chamam de camião pipa) à porta de casa.
Não entendo como, sendo o Brasil, um pais com tantos recursos hídricos pode sofrer com tanta falta de água. Não entendo como o país com o maior potencial hídrico e a maior reserva de água doce do planeta sofra tanto de falta de água. Não entendo como o país que tem 13% de toda a água doce do planeta faça a sua população sofrer com tanta falta de água. Alguém me explique como pode haver tanta má gestão. Por favor!
Na grande metrópole que é São Paulo, as entidades oficiais mandaram encerrar um centro comercial (shopping) por ter sido construído sobre uma antiga lixeira e agora estarem-se formando bolsas de metano sob a laje do complexo, devido à decomposição dos lixos enterrados. Correctíssimo!
Contudo, espero que a Justiça e a Secretaria do Meio-Ambiente (entidade que ordenou o encerramento das instalações) se preocupem com o destino das centenas de trabalhadores do empreendimento. Pois ninguém trabalha para passar o tempo e se eles se deslocavam diariamente ao local de trabalho era por dependerem do salário para a sua subsistência e das suas famílias. Mas, infelizmente, acredito que as entidades governamentais estejam mais preocupadas com os senhores empresários, nomeadamente os dos grandes franchisings.
Quanto aos clientes e frequentadores do local... o que não faltará por essa imensa megalópole são outros santuários do consumo para onde possam ir laurear a pevide e dar testemunho da sua alienação capitalista.