Três grandes nomes da cultura portuguesa contemporânea (séc XX) numa peça só.
A canção tem o título de "Quando Um Homem Quiser"
Ary dos Santos (o saudoso poeta da resistência anti-fascista, José Carlos Ary dos Santos) escreveu o poema. Fernando Tordo compôs a melodia. Paulo de Carvalho deu aqui a voz.
Nota: o vídeo tem apenas som e uma foto actual de Paulo de Carvalho.
Quando Um Homem Quiser
Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e comboios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
7 comentários:
Um destes raros momentos onde tudo encontra o tom certo!
Simplesmente lindo!
Beijos meu amor e obrigado por compartilhar momentos tão belos
Mais do que verdade...Natal é quando um homem quiser!
Bonito momento Português.
Beijoss
Paulo de Carvalho tem uma voz extraordinária .
Dezembro seria para eu hibernar se tal me fosse possível.
Um beijo.
Pois... enquanto se espera pelo Natal as piores barbaridades vão acontecendo porque numa suposta noite um homem nasceu e foi um incompreendido e as suas palavras subiram tão alto que muitos foram os poderosos que as utilizaram para nos escravizar na ignorância, na pobreza e no medo...mas a canção é linda sem dúvida o Raul é fan de Ary dos Santos.
Um abraço
Bem haja!
Apesar de ser brasileiro, sempre admirei muito Portugal. Grande civilização, cultura da qual saíram grandes nomes da história da Europa, e da humanidade em geral.
Não posso mentir e dizer que sim, não conheço ninguém dos que citaste agora, neste pequeno texto. Porém, Ary dos Santos é um poeta que eu admiro muito. Seus poemas são todos preciosos e cheios de emoção, conheci-o através de Fernão Gomes. Fernão é um ex-namorado meu, alfacinha. Segundo ele, meus versos lembram muito os de Ary dos Santos, o que eu acho um exagero. Sempre que ele me o dizia, eu ficava muito lisongeado.
Procurei livros do Ary dos Santos em todas as livrarias por que passei, em cidades do sul, sudeste e nordeste do Brasil. Nada encontrei. Na Internet, tentei ver se eu encontrava livros seus para baixar em meu computador, mas também não havia ficheiros.
De qualquer forma, parabéns a Portugal. Florbela Espanca, Fernando Pessoa, a fadista Mariza e a grande Amália Rodrigues, são todos artistas que eu estimo enormemnte. Sem falar do próprio Espinoza, filósofo que eu soube recentemente que não era holandês, mas sim nado em Portugal.
Bonito o poema. E eu que achava que todo poema cantado virava fado... Portugal sempre me surpreende.
PS.: é um gosto ler teu blogue. Sigo-te desde já. Boa noite.
Pois é... mas eu ficaria muito feliz que toda essa coisa bonita que podem todos os meses não fosse chamada de Natal... esse nome me dá calafrios...
Um beijo Mandrag!
Bonito isso, mas vamos com calma que eu ainda preciso de umas 2 semanas para pensar em Natal! :)
Abraços.
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