quinta-feira, 26 de agosto de 2010

NA CERCA

Nostalgia aparte os animais de carga são para estarem confinados em cercas, quando não estão sendo utilizados.

É bom não esquecer a presença constante dos animais domésticos no nosso quotidiano ao longo da história humana. Assim como o grande contributo que eles deram na edificação do nosso mundo e da nossa civilização. Sem os animais de carga não teriam sido possíveis as grandes edificações que testemunham a grandeza da nossa evolução tecnológica. Os animais de tiro também nos ajudaram a encurtar distancias e a ligar mundos.

Agora é tempo de lhes dar descanso e atribuir-lhes até outras tarefas mais tranquilas e dignificantes. Temos testemunhado que a companhia e convívio de animais domésticos é salutar para a melhoria e recuperação de doentes com disfunções graves e a longo prazo. Cães, gatos, cavalos, golfinhos e muitas outras espécies têm sido utilizadas com muito sucesso na recuperação da auto-estima e consequente predisposição para a eficácia das terapias de doentes com síndromes crónicas e outras.

Mas vem este post a propósito de um costume (ou deverei chamar desleixo) que tenho constatado desde que cheguei ao Brasil. Por todo o lado tenho visto animais domésticos (burros, cavalos, vacas e seus vitelos, porcos, e outros mais) vagueando livremente pelas ruas de zonas habitacionais, como se em pleno pasto estivessem. Vasculham nos recipientes de recolha de lixo, rasgando invólucros e espalhando tudo em redor, deambulam pela via pública atrapalhando o trânsito e chegando a provocar acidentes (ainda este ano se deu um grave acidente numa via rápida carioca provocado pela colisão dum veículo com um cavalo desgarrado que deambulava pela auto-estrada), amedrontam com a sua presença transeuntes menos familiarizados com o convívio com bestas de grande porte, além de outros transtornos à população e à higiene pública.

Muitos desses animais apresentam um deplorável estado de sub-nutição, que me leva a crer que os seus proprietários os deixam soltos para que livremente procurem alimento, entre todas as porcarias que possam encontrar na via pública (que já de si não prima pela higiene).

Isto está mal! Isto não é de um pais civilizado! Isto não é de um povo que se diz modelo de bom viver!

Os animais pertencem às suas cercas e merecem o melhor dos tratamentos. E quem não pode lhes proporcionar tais condições, então que os entreguem a quem pode. Como diz o Sr. Chaves, um vizinho meu, homem que ama e respeita os nossos amigos de quatro patas: “se usam os animais para ganharem dinheiro, também deveriam usar parte desse dinheiro ganho com aqueles que os ajudam a pôr o alimento na mesa para eles e a família”. Mas ao invés disse o que os vejo fazer é deseducarem e instruírem as suas crianças a maltratar os animais.

Povo ingrato!

Porco rodoviário numa artéria urbana de Recife (capital de Pernambuco, com mais de um milhão e quinhentos mil habitantes)
(foto por Serginho)

7 comentários:

Serginho Tavares disse...

Pois é amor. Infelizmente se não cuidam das crianças que vivem nas ruas entregues ao perigo o que dizer dos pobres animaizinhos...

Parabéns pelo texto. Amei ver a foto que tirei aqui!

Beijos

Mari Weigert disse...

Olá
É verdade, no Brasil existe muito isso de deixar os animais soltos e tb àqueles que soltam para se livrar da tarefa de alimentá-los. É uma pena!
Principalmente cavalos que são usados pelas pessoas como transporte e não merecem o devido respeito. Aqui, em Curitiba às vezes são feitas campanhas e têm ongs que denunciam os maus-tratos.
abraços

Beth/Lilás disse...

Caro amigo,
É a mais pura verdade seu relato e se eu estivesse com minha máquina digital outro dia, tinha pego o flagrante de um porquinho assim em frente a um condomínio de luxo aqui em Niterói, mas eu já soube que por aqui a prefeitura já determinou o recolhimento de animais assim, porem alguns desses pertencem, com certeza, a algum traficante enfiado numa das várias favelas que tem no entorno da cidade e muita gente não os toca por medo de represálias.
É lamentável, triste de ver tudo isso!
Uma mistura de abandono do poder público e da falta de educação dos proprietários dos animais.
um abraço carioca

Hürrem disse...

Querido ManDrag,
Vc está certíssimo em absolutamente tudo o que disse no seu excelente post! Eu como sou defensora dos animais, confesso que sinto uma dor no coração ver como o povo brasileiro não tem compaixão e nem ética,explorando os animais dessa forma! E os nossos políticos, cada vez mais corruptos, não fazem uma política séria de zoonoses para o país! Um absurdo! Como vc bem disse, os animais domésticos nos ajudam na recuperação de várias doenças de origem psicológica, eu sei porque quando estive profundamente deprimida, meu cãozinho que morreu recentemente... me salvou..porque somente por causa dele eu me levantava da cama, porque sabia que ele precisava que eu desse comida e atenção a ele...E ele esteve ali ao meu lado me ajudando a sair do poço..
Um abraço com amizade

Anónimo disse...

Muitos comentários emocionantes, e o mesmo sentimento de revolta.

O que disse a Beth é certo. No Rio de Janeiro essas "gangs" estão tão fortes que amedrontam até a fiscalização do governo. Se se faz algo, é em vão, pq em tempo continuam a repetir os mesmos erros.

No bairro da minha vó, sempre via uma porcona enorme, com seus filhotinhos, fuçando o lixo da feira...E eu que morava em Manaus, nunca tinha visto um porco de perto, pensando que ia me mudar para uma cidade grande e de poucos animais, me assustei! Qd criança aquilo não entrava na minha cabeça, não conseguia entender de onde vinham.

Mas como bem disse a Beth, vem das favelas...Do povo que não pode tratar bem a si mesmo, aos animais, e tb, não são tb bem tratados. Que ciclo! Que triste!

MAR E SOL disse...

O homem dominou (ou pensou dominar) a natureza, dominou outros homens e como mal se domina virou-se para outras criaturas da natureza e nelas espelha tudo o que de mais ruim tem em si.Por mais que me custe reconhecer também os animais dependem de políticos pois serão eles que através de leis poderão dar a volta à situação mas até que existam leis que protejam e dignifiquem os animais cabe, a cada um de nós ensinar as novas gerações a considerarem todo o ser vivo como nosso igual.

Anónimo disse...

Por aqui se vê muito animal solto e mesmo estando em uma região quase rural não deixa de ser um problema. Alguns acabam adotados, outros atropelados.
Nem precisa dizer o quanto isso me magoa, tanto que de gatos já adotei 4, mas por outro lado não acredito que isso seja exclusivo deste país. Vejo muitos documentários e as cenas não diferem muito daqui e de lá, o que não invalida que sejam exigidas medidas que visem dar respeito aos bichos.
Tenho fotografias inacreditáveis aqui do cantinho do paraíso. Vou colocá-las no blog um dia desses.
Abração.